O consumo excessivo de bebidas alcoólicas é um problema que afeta a saúde e a vida social de milhões de pessoas em todo o mundo. O álcool é uma substância psicoativa que pode causar intoxicação, perda de reflexos, desinibição, agressividade e alterações no comportamento.
Além disso, o consumo constante e descontrolado de bebidas alcoólicas pode levar a uma série de doenças e danos à saúde, como cirrose, câncer, doenças cardíacas, problemas neurológicos e psicológicos, além de causar diversos conflitos no convívio familiar.
Podemos considerar que a dependência por álcool existe à medida em que a pessoa não consegue mais controlar o seu consumo excessivo e, caso tente interromper, irá apresentar automaticamente sintomas desagradáveis que somem ao voltar a beber. Esse é o sinal de que a pessoa já se encontra em abstinência.
A dependência do álcool surge devido a uma combinação de fatores, incluindo predisposição genética, ambiente social e psicológico, e experiências traumáticas. Quando o álcool é consumido em excesso e de forma frequente, ele começa a afetar os circuitos cerebrais responsáveis pelo prazer, recompensa e autocontrole.
Com o tempo, a pessoa pode desenvolver uma tolerância ao álcool, o que significa que precisará consumir mais para sentir o efeito. Isso pode acarretar um alto consumo, levando a problemas de saúde físico e mental, e também a impactos negativos nas relações pessoais e profissionais.
O primeiro ponto é compreender que o alcoolismo é uma doença, que precisa ser levado com seriedade, e que o tratamento deve ser mediado por um profissional. Além disso, cabe ao cliente reconhecer que existe um problema entre ele e o álcool.
A profundidade dos prejuízos da condição atual precisa estar clara, ou a pessoa deve encontrar-se minimamente receptiva para entender, pois todo o processo terapêutico precisa de um indivíduo motivado e protagonista da mudança.
O sentimento de inconformidade vem também como um fator importante para gerar mudanças, pois além de ter clareza da sua situação atual, esse indivíduo precisa estar disposto a mudar a sua realidade.
Se não forem posicionamentos que já estejam despertos no cliente, cabe ao profissional trazê-los à tona, lembrando sempre que o processo precisa partir do outro e não do terapeuta. O terapeuta vai mostrar somente as ferramentas, os caminhos, mas o desejo por mudança sempre deve estar com o cliente.
Ademais, é importante o terapeuta sensibilizar-se com a história daquele indivíduo, quais foram seus primeiros contatos com a bebida alcoólica, o que ele buscava, qual idade começou, quais foram as motivações, entre outros.
E, a partir daí, junto a ele encontrar respostas do por que o indivíduo encontra-se naquela posição, e não pode existir espaço para dúvidas quando ele desejar encerrar esse capítulo da sua vida. Da mesma forma que precisamos ter clareza do nosso momento atual, precisamos compreender o que nos levou até ele, para que nós não voltemos a cometer os mesmos erros.
Não é fácil parar de beber, por isso aqui estão algumas sugestões de primeiros passos:
Reconhecer que sozinho não está conseguindo alcançar bons resultados é o primeiro passo para ter mudanças efetivas. Uma pessoa capacitada será capaz de te orientar da melhor forma possível para tratar o alcoolismo, além de indicar terapias e tratamentos adequados para cada caso.
As reuniões de Alcoólicos Anônimos (AA) e grupos de autoajuda podem ser úteis para começar a lidar com a dependência do álcool. Eles fornecem um ambiente de apoio e acolhimento, e muitos membros passaram pela mesma luta.
Um terapeuta pode ajudar a entender a relação entre o álcool e os aspectos emocionais da dependência, além de ensinar estratégias para lidar com gatilhos e evitar recaídas - e mesmo quando acontecem, um bom terapeuta vai ajudar seu cliente a perceber que antes dele recair existiu um progresso e que ele é totalmente capaz de continuar do lugar onde parou.
Em alguns casos, o alcoolismo pode ser tão grave que o internamento é necessário. As clínicas especializadas oferecem tratamentos intensivos, acompanhamento personalizado e um ambiente seguro para iniciar a recuperação.
Independentemente do caminho escolhido, é importante lembrar que buscar ajuda para o alcoolismo é o primeiro e mais importante passo que alguém pode dar.
Conhecer a história do nosso cliente é muito importante à medida que compreendemos que os vícios carregam uma enorme carga emocional. Uma pessoa quando bebe, por exemplo, ela não está buscando somente o prazer que a bebida proporciona.
Vivemos em busca constante por prazer e cada uma, especificamente, carrega um sentido, uma memória, um conforto emocional que precisa ser compreendida, principalmente se ela começar a atrapalhar o funcionamento social do indivíduo, que é o caso do vício.
Na sociedade atual é muito comum pessoas que bebem excessivamente curtir muitas festas e serem vistas como descoladas, que sabem aproveitar a vida e que vivem intensamente.
Essa busca por esse sentimento de pertencimento, esse prazer momentâneo, cria um círculo vicioso de consumo de álcool e outras drogas, no qual a pessoa não consegue enxergar o quão nocivo são tais comportamentos, como a se ver numa falsa posição de pessoa atraente, que esta aproveitando ao máximo, quando na verdade ela está deixando de construir coisas duradouras para viver prazeres momentâneos.
Colocar-se em uma posição de tomada de consciência e Inconformidade nesses casos pode ser um pouco mais demorado, pois a pessoa se enxerga em uma posição de sucesso, prestígio e cabe ao terapeuta trazer para ela ferramentas que causem verdadeiros insights a respeito desse mundo fantasioso que ela se colocou.
Ademais, quando ela não consegue passar um longo período sem beber é um sinal de vício, lembrando que também existem os alcoólatras de final de semana. É um sinal menos intenso, mas já serve de alerta, no qual a pessoa espera a semana toda para no final de semana conseguir beber, e consumir quantidades exageradas.
Esse vício é perigoso, pois pode desencadear uma dependência mais grave e é normalizado socialmente.
Um tratamento nesse nível não é uma tarefa fácil, haverá desafios, gatilhos emocionais e comportamentais, pessoas desacreditando, recaídas e para isso ser suportado é preciso ter muita clareza de que quer mudar, o porquê e como fará. Todas essas questões irão surgir a partir da inconformidade.