O tabagismo é um dos principais problemas de saúde pública no mundo, responsável por uma série de doenças e condições prejudiciais à saúde. Apesar dos riscos conhecidos e das propagandas contrárias ao cigarro, muitas pessoas ainda têm dificuldades em parar de fumar.
Abandonar o cigarro pode ser um desafio, mas é uma das melhores escolhas que uma pessoa pode fazer para impulsionar a saúde e qualidade de vida. Neste contexto, é importante entender os malefícios do uso do cigarro e buscar ajuda profissional para superar o vício e os efeitos negativos do tabagismo.
Todo processo terapêutico envolve os princípios da mente biológica, racional e emocional. Dentro do processo de parar de fumar, esses três princípios precisam estar alinhados como em qualquer outro para gerar melhores resultados para o seu cliente.
O primeiro passo a se compreender é que não se trata somente de um processo de aplicação de ferramentas e técnicas, mas sim de um trabalho que dá atenção para a subjetividade daquele ser humano.
É necessário investigar a história de vida dele, suas dores, crenças, traumas, motivações que o levaram a fumar, como ele enxerga o cigarro na vida dele hoje, e questionamentos mais importantes:
O vício é visto como algo prejudicial a sua vida? Ele possui o desejo de parar e está disposto a entrar no processo com a ferramenta mais importante para a mudança, o protagonismo?
Tenha em mente que não vamos ajudar alguém a parar de fumar, a menos que este seja o objetivo da pessoa. Se ela quiser, nós temos as ferramentas.
Quando cedemos espaço para uma pessoa falar da sua história e suas motivações, podemos perceber que por mais que os problemas sejam os mesmos que clientes anteriores, as motivações são sempre únicas, e dessa forma o tratamento não é uma fórmula, mas sim uma abordagem personalizada, baseada na escuta, no acolhimento e na ciência.
Existem três sistemas que podem ser aliados no combate ao tabagismo:
Trata-se da capacidade de oferecer recursos biológicos que favorecem o corpo a conseguir diminuir a autossabotagem, por meio de mudanças de hábitos.
Isso inclui a prática de exercícios físicos, uma dieta mais rica em nutrientes e fibras, consumo maior de água, sono de qualidade, entre outros aspectos que incluem um estilo de vida mais adequado.
Você pode solicitar um acompanhamento nutricional, indicar academias ou exercícios caseiros, apontar consultas médicas, e o que mais for preciso para colaborar com essa área.
Oferecer recursos emocionais para que o indivíduo consiga perceber e fazer o que deseja realizar. A partir daí, você poderá trabalhar em cima dos sentimentos que acompanham o hábito de fumar, fazendo perguntas relacionadas ao o que ele sente quando fuma, porque iniciou esse hábito, se ele percebe quando irá começar a sentir vontade, entre outras indagações.
Todas as informações obtidas serão relevantes para se criar uma intervenção emocional.
Busquem juntos insights para dar um nome ao sentimento que acompanha a hora de fumar, se a vontade surgir em contexto de grupos, pode estar relacionado à necessidade de pertencer a um, pois ao sentir-se sozinho, pode ser um sentimento de solidão; se surge quando se lembra dos pais, porque o pai ou a mãe fumava, então vem junto ao sentimento de saudade.
Estes são alguns exemplos. É importante que o porquê de fumar tenha um motivo, e não existe a possibilidade de não haver, pois a vontade é sempre o desejo de lidar com algo. A partir dessa identificação você começará a trabalhar nas ressignificações desses sentimentos.
Ressignificar vai dar um novo sentido para aquele sentimento, diminuindo gradativamente o desejo de fumar que o acompanha. Preencha essas questões, dando um novo significado, para que quando ele sinta o gatilho, tenha uma nova estratégia e não precise recorrer ao vício, seja beber uma água, fazer uma caminhada, ligar para um amigo, interagir com outras pessoas...
Ademais, trabalhe com reforços após as conquistas, sejam, mensais, e assim por diante. O cliente precisa se reforçar positivamente por tais conquistas, agindo assim ele se sentirá mais engajado e motivado. O reforço poderá ser uma saída para um lugar especial, um momento com a família, ou qualquer outra forma de comemorar.
Ofertar recursos racionais para quais ações ele deverá tomar para conseguir êxito no que deseja realizar.
Para trazer ao cliente a consciência dos prejuízos do cigarro, recomenda-se um exercício consciente:
Peça para que ele escreva à mão todos os malefícios que o cigarro vem trazendo à sua vida em forma de lista. Em uma segunda lista, solicite que ele escreva os benefícios que teria se conseguisse parar de fumar.
Com as listas prontas, realize um exercício de visualização, peça para que ele se imagine em longo prazo, se ainda continuar fumando, imaginando tudo que será afetado na sua vida, como ele estará daqui a 10, 20, 30 anos.
Em seguida, mostre-o que ele teria outro caminho, que tudo aquilo poderia ter sido evitado, e imaginem juntos outra vida, caso ele tivesse parado de fumar. Esse exercício é muito poderoso, pois traz a pessoa para seu estado racional, fazendo com que ela seja diretamente protagonista da mudança.
Ao acolher alguém que sofreu uma recaída, no tratamento do tabagismo, é importante mostrar empatia e compreensão pelo que o indivíduo está passando.
É comum que as recaídas ocorram em processos de mudança de comportamento, e é importante lembrar que isso não significa fracasso ou falta de vontade. Algumas estratégias que podem ajudar a acolher e apoiá-lo, nesse momento, incluem:
Ouvir e validar os sentimentos do cliente, sem julgamento ou críticas. Demonstrar compaixão e apoio pode ajudá-lo a se sentir mais seguro e confiante para retomar o tratamento.
Reforçar as conquistas anteriores, lembrando que ele já conseguiu ficar sem fumar por algum tempo. Isso pode ajudar a aumentar a autoconfiança e a motivação para continuar tentando.
Oferecer alternativas saudáveis para lidar com o estresse e a ansiedade, como atividades físicas, meditação ou hobbies que ele goste.
Reforçar a importância do tratamento e dos benefícios de parar de fumar para a saúde e qualidade de vida, sem pressioná-lo ou criticá-lo.
Como terapeuta, tenha o contato de uma pessoa próxima a ele, pode ser alguém que é muito citado no momento da terapia, e entre em contato, faça trocas de estratégias que podem ajudar e motivar cada vez mais o seu cliente a parar de fumar.
Lembre sempre que cada indivíduo é único e pode reagir de forma diferente a uma recaída, por isso é importante oferecer um ambiente seguro e acolhedor para ajudá-lo a superar esse desafio.
A nicotina é uma substância química alcalóide encontrada naturalmente nas folhas da planta do tabaco. Ela é altamente viciante e é conhecida por causar dependência em muitos usuários de tabaco.
A nicotina é absorvida rapidamente pela corrente sanguínea, quando consumida através do tabaco fumado ou mascado. Ela age como um estimulante do sistema nervoso central, aumentando temporariamente a atividade cerebral e a frequência cardíaca.
Além disso, a nicotina também é conhecida por causar efeitos prejudiciais à saúde em longo prazo, incluindo doenças cardíacas, pulmonares e câncer.
O desmame da nicotina envolve um processo de redução gradual da sua dose administrada ao organismo, até que a pessoa consiga ficar sem a substância completamente. A nicotina é uma substância altamente viciante e, por isso, é comum que o processo de desmame seja difícil e desafiador.
Ela age no cérebro estimulando a liberação de dopamina, um neurotransmissor relacionado à sensação de prazer e recompensa. Com o tempo, o uso contínuo do cigarro pode levar a mudanças no cérebro que aumentam a dependência da substância, tornando-se mais difícil parar de fumar.
O processo de desmame pode envolver o uso de terapias de reposição de nicotina, como adesivos, gomas de mascar ou sprays nasais, que ajudam a controlar os sintomas de abstinência e reduzir o desejo de fumar. Estudos mostram que o uso dessas terapias pode dobrar as chances de sucesso no processo de desmame.
Além das terapias de reposição de nicotina, é importante que a pessoa que está passando pelo processo de desmame receba suporte e acompanhamento especializado. Isso pode incluir a participação em grupos de apoio, terapia e outras intervenções que ajudem a lidar com o estresse e os desafios do processo de parar de fumar.