O autoconhecimento é a chave-mestra para todo tipo desenvolvimento pessoal.
Para avançar em qualquer área da vida, precisamos saber qual é a nossa situação atual, o que nos trouxe até aqui, e o que está impedindo nossa chegada ao próximo nível. O autoconhecimento traz respostas para essas questões, e por isso pode ser visto como o seu manual para uma vida melhor - explicando como você funciona, e quais ajustes deve fazer para agir da maneira desejada.
Nesse artigo, eu selecionei as informações mais importantes para quem deseja entender profundamente o que é autoconhecimento, como ele pode transformar as nossas vidas, e quais caminhos você pode seguir para conhecer melhor a si mesmo.
É óbvio que você sabe o seu nome, idade, profissão e o que gosta de fazer nos fins de semana, então o que resta para falar sobre autoconhecimento?
Essas informações, na verdade, são uma fração muito pequena de quem você é. Aí dentro, existem sonhos e medos, formas de ver o mundo, experiências, relacionamentos com pessoas e ideias que formam as partes conscientes e inconscientes da sua identidade.
Pense em quantas vezes você pensa ou se comporta de uma certa forma, e não sabe muito bem porquê. Talvez até preferisse agir de outra maneira, mas acaba seguindo pelo mesmo caminho de sempre.
Pode ser a dificuldade para se concentrar nos estudos ou no trabalho, uma explosão de raiva quando gostaria de manter a calma, comer algo que lhe faz mal, dormir mais do que gostaria, sabotar os seus próprios compromissos. É como se uma força externa te levasse para a direção errada, e você perdesse o controle durante aqueles preciosos segundos onde tem que agir da forma certa.
Essa força é real, mas ela não vem de fora. Ela está aí, em alguma parte pouco iluminada de sua mente, e o autoconhecimento é o farol que permite vasculhar todos os cantos, até encontrar o que está te bloqueando, para que você possa remover as barreiras e continuar a crescer como pessoa.
Indo mais além, também é o autoconhecimento que permite identificar seus valores e interesses, para que você possa construir uma vida mais prazerosa.
Pense sobre o seu relacionamento, ou sobre o seu trabalho, por exemplo. Você escolheu estar onde está hoje, ou apenas caiu de paraquedas nessa situação? Talvez, por sorte, as coisas até tenham dado certo, mas nem sempre é isso que acontece.
No Brasil, 90% das pessoas estão infelizes com o trabalho, e 80 mil casais se divorciam todos os anos - sem falar nos milhões de relacionamentos que acabam muito antes da troca de alianças. Eu tenho certeza de que, na maioria desses casos, as pessoas fizeram uma escolha sem saber o que estavam buscando, e por isso não é estranho que tenham ido pelo caminho errado.
Elas não param pra pensar se preferem liberdade ou disciplina, liderar ou seguir, espontaneidade ou segurança. Na falta desse conhecimento, eu, você e qualquer uma dessas pessoas estamos sujeitos a nos frustrar. Com ele, podemos fazer escolhas mais precisas para as nossas vidas, aumentando as chances de satisfazer os nossos desejos.
Dentro de cada mente humana, existe uma série de vozes competindo por espaço. São as vozes de nossos pais, familiares, amigos, professores, notícias, livros, e todas as outras pessoas ou conteúdos com quem interagimos.
Todas elas são partes do que forma você.
Entre tantas vozes, temos algumas que nos trazem ideias, amor próprio, uma visão positiva sobre o mundo e o encorajamento necessário para explorar tudo ao nosso redor. Outras podem trazer limites, raiva, culpa, frustração, medo e uma visão negativa sobre este mesmo mundo.
Muitas coisas em sua mente podem ter vindo de pessoas que te amam, mas não percebem o mundo da maneira como você. Outras tantas vieram de pessoas que simplesmente não estavam preocupadas com o seu bem-estar.
Nos dois casos, são pensamentos e crenças que não servem para você.
O autoconhecimento nos permite falar “não” para essas vozes, e em primeiro lugar, devemos silenciar tudo que veio de pessoas sem interesse em nosso desenvolvimento.
Os comentários destrutivos, as críticas infundadas, os julgamentos sem informação, nada disso é seu. Essas vozes estão apenas alugando espaço na sua mente - um espaço que poderia ser preenchido com pensamentos de força e confiança na sua própria capacidade.
Em segundo lugar, identifique as ideias que vieram de pessoas queridas, mas sem a sua visão de mundo. Você pode respeitar os ensinamentos delas como o melhor que podiam lhe entregar, mas não precisa seguir ou tomar essas informações como verdade.
Pais, avós, irmãos, professores ou amigos podem trazer crenças que fazem sentido para eles, mas não se encaixam na vida que você quer ter. Praticar o autoconhecimento é poder, além de tudo que já vimos, identificar essas crenças e deixá-las para quem precisa delas.
Quando fazemos isso, abrimos as portas para novas ideias, vindas de pessoas que já conquistaram os resultados desejados por você, ou que estão alguns passos à frente na jornada para chegar lá.
Não importa se é nos relacionamentos, no trabalho, na educação dos filhos ou na saúde, o importante é saber onde você quer ir, e ouvir apenas quem percorreu ou está percorrendo o caminho.
Escolha novas vozes para construir uma nova mente, e use todas as ferramentas disponíveis. Participe de eventos, leia e assista o que elas publicam, siga essas pessoas nas redes sociais - cerque-se de quem você quer ser, e deixe a sua mente sentir que essa nova vida é possível!
Antes de continuar, tenha em mente que o autoconhecimento é uma tarefa permanente. Nós nunca iremos “chegar lá” e ter 100% de informação sobre nossos pensamentos ou ações, mas sempre podemos aprender algo a mais e assim ganhar controle sobre os nossos resultados!
Em primeiro lugar, confira estas quatro perguntas para se conhecer melhor. Eu recomendo que você faça a leitura com calma, refletindo e respondendo às questões para aprofundar, de verdade, o seu autoconhecimento.
Pense nos momentos onde você sentiu-se livre para agir da maneira que achava melhor, sem a pressão dos julgamentos alheios. Quem é você nessa situação? Como pensa e age com essa liberdade?
Agora pense nos momentos opostos, quando você teve que agir apenas para agradar os interesses de outra pessoa. Como foi seu comportamento? O que essa máscara fez você sentir? Como você agiria na mesma situação, se não fosse por essa pessoa?
Imagine que não é mais preciso trabalhar para pagar as contas, ou obter os seus itens de desejo. Você ganhou o resto da vida para se divertir e se esforçar apenas pelo que acredita ser importante.
Como você iria gastar os seus dias? Quais metas iria definir, e como teria de agir para chegar até eles? Essas perguntas podem te mostrar um novo caminho, talvez até uma nova carreira no mundo real, mais alinhada com os seus planos do que o seu trabalho atual!
Pense em três pessoas que você admira. Pode ser um familiar, um grande amigo, uma pessoa famosa, ou até um personagem da ficção. Escreva o nome dos três, e qual relação você tem com cada um.
Agora pense nos motivos pelos quais você admira essas pessoas. O que faz elas serem especiais? Quais habilidades, ou comportamentos, tornam cada pessoa digna da sua apreciação?
Quais características elas tem, e você gostaria de modelar?
Tenha em mente que, para vermos algo em outras pessoas, é preciso ter a mesma força dentro de nós. Talvez você tenha listado três pessoas determinadas que nunca desistem dos seus objetivos, por exemplo. Isso só é possível porque você também carrega essa determinação.
Pode ser que você esteja um pouco distante dela, e nem consiga ver as coisas dessa forma, mas eu garanto que a determinação (ou qualquer outro elemento positivo que você atribuiu às pessoas) está aí dentro, e só precisa ser alimentada!
Lembre de um momento no qual você usou essa característica. Se existe pelo menos uma situação na qual você teve determinação, confiança, honestidade ou compaixão - para dar alguns exemplos - isso vai continuar com você pelo resto da sua vida!
Além das perguntas que acabamos de ver, existem mais algumas ações para desenvolver o seu autoconhecimento, como por exemplo:
Escrever acontecimentos, ideias e emoções é uma forma simples de praticar o autoconhecimento. Mais e mais pessoas tem criado diários com esse objetivo, e vem alcançando benefícios como a manutenção de hábitos e o entendimento sobre a própria mente.
Comparando registros ao longo do tempo, você irá perceber que tem mais energia na terça-feira, ou sente uma tristeza que vem do nada nos fins de tarde, por exemplo. Com essas informações, é possível ajustar a sua rotina para explorar os melhores momentos e se proteger contra os mais adversos.
Se você não quiser escrever, pode usar outras técnicas, como desenho ou pintura, gravar áudios e vídeos, tirar fotos e assim por diante. O importante é escolher uma ferramenta simples, que permita fazer os registros em poucos minutos e não ter o cansaço como desculpa.
A sua jornada de autoconhecimento também pode se beneficiar de outras pessoas. Amigos e familiares, observando de fora, podem notar comportamentos que você não percebe por estar apenas “vivendo a sua vida”.
É o que acontece quando visitamos uma cultura diferente, e estranhamos situações que as pessoas daquele lugar acham normais. Todos nós temos hábitos e padrões inconscientes, que parecem naturais, mas serão notados por quem não age da mesma forma.
Conversar com essas pessoas não significa deixar que elas controlem a sua vida ou te digam o que está certo e errado. Essa é apenas mais uma forma de obter informações, que você pode usar para se entender melhor ou até mesmo para aperfeiçoar a sua forma de agir.
Você também pode usar essas percepções externas para comparar a maneira como se apresenta em diferentes lugares. A imagem que sua família tem de você, por exemplo, não é a mesma vista por seus amigos ou colegas de trabalho.
Ao considerar as várias partes do seu “eu social”, você pode fazer escolhas que o deixem mais alinhado aos seus objetivos, e a imagem que deseja transmitir em cada situação!
Nós já vimos a importância dos valores para tomar decisões, e a relação que eles possuem com o autoconhecimento. Pensando nisso, é fundamental identificar quais valores guiam a nossa vida, e considerar o quando você está satisfazendo ou ignorando os seus.
Uma pessoa que valoriza muito a criatividade pode se sentir presa num emprego cheio de normas e processos, enquanto outra que valoriza a estabilidade pode se apaixonar por esse trabalho; e nenhuma das duas está certa, ou errada.
Muitas vezes você pode achar que está infeliz numa situação, e culpar motivos superficiais, quando o verdadeiro problema é a falta de alinhamento entre o mundo externo e seus valores externos.
Olhe com atenção para eles, pois nossos valores são como pilares emocionais: o bem-estar se constrói ao redor deles, e um pilar que não recebe os devidos cuidados pode colocar toda a sua estrutura emocional em risco.
No fim das contas, parar e olhar para dentro de si ainda é a melhor forma de atingir o autoconhecimento. A maioria de nós passa o dia correndo, guiados pelos eventos externos - preciso comer, preciso sair, preciso trabalhar - entrando num piloto automático que não deixa tempo para escutar os pensamentos por trás de cada ação.
Você não precisa deixar tudo de lado e passar uma semana longe da civilização, basta pensar sobre porque está agindo de uma forma, e quais caminhos diferentes poderia tomar.
Quando o seu primeiro impulso for afirmar que precisa fazer isso, como se não houvesse escolha, pense um pouco mais. Todos nós podemos seguir outras direções, e escolhemos uma delas guiados por expectativas, desejos, medos, ou por nossos valores.
Você está fazendo isso para conquistar um objetivo, ou para agradar alguém? Tomou a decisão de agir assim, ou seguiu um impulso? Está indo em busca de um desejo, ou se afastando de um medo?
Esses momentos de reflexão, somados ao registro dos seus dias, trazem a melhor oportunidade para mudar suas ações - e com isso mudar os resultados que elas causam.
“Entre o estímulo e a resposta existe um espaço. Nesse espaço está o poder de escolher a nossa resposta. Na nossa resposta encontra-se o nosso crescimento e a nossa liberdade.” Viktor Frankl.
Finalmente, é importante refletir sobre o que o autoconhecimento significa para você, alinhando suas expectativas sobre o que ele pode ou não oferecer.
Você vai perceber os seus recursos e desafios, e descobrir o que os provoca. Tornar-se uma pessoa melhor a partir dessa informação será sempre uma escolha. Não é à toa que, junto com o autoconhecimento, muitas pessoas falam sobre um processo de cura.
Nossa mente pode estar cheia de feridas, mas - fazendo uma comparação com o corpo - colocamos um curativo simples e esquecemos do problema. Agora o autoconhecimento nos leva a tirar esses curativos, dez, vinte anos depois, e descobrir como estão as coisas.
Podemos colocar um novo curativo em cima do machucado, fingir que nunca vimos ele, e esperar pra ver as consequências de isso pode trazer em mais dez ou vinte anos; ou podemos fazer o que é doloroso, mas cura. Olhar de frente para a ferida, limpar com cuidado, tomar os remédios corretos e esperar o tempo preciso para que ela se cure.
A partir do autoconhecimento, podemos pensar num trabalho de autoconstrução, formando o “eu” que gostaríamos de ter. O empreendedor e investidor Tim Ferriss tem uma frase muito interessante para explicar esse processo:
“Aprenda como criar a si mesmo, ao invés de buscar uma descoberta de si mesmo. Há valor no último, mas ele é majoritariamente passado: é um espelho retrovisor. Olhar pelo para-brisa é como você chegará onde pretende ir.”
Melhorias na saúde física e mental, clareza sobre seus verdadeiros objetivos e capacidade para fazer escolhas que levem até eles, evitar conflitos desnecessários e fortalecer seus relacionamentos, todos esses ganhos são possíveis através da autoconstrução: o trajeto que é iniciado pelo autoconhecimento!