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Behaviorismo: Qual a origem dos nossos comportamentos?

Do ponto de vista psicológico, o comportamento pode ser definido como o conjunto de interações do indivíduo com o ambiente. Mas calma, a complexidade de um comportamento envolve diversos fatores fisiológicos e psicológicos e nesse artigo, falaremos pontualmente de todos os conceitos que dão origem à chamada análise funcional do comportamento.

A todo momento estamos nos comportando, seja por meio de respostas fisiológicas, como também sociais, uma vez que vivemos em sociedade e somos ensinados desde pequenos a nos comportar de acordo com o contexto de cada situação: usar devidamente os talheres, usar o banheiro, andar vestido, apresentar-se e despedir-se, entre outras coisas cotidianas.

Do ponto de vista psicológico, o comportamento pode ser definido como o conjunto de  interações do indivíduo com o ambiente.  Mas calma, a complexidade de um comportamento envolve diversos fatores fisiológicos e psicológicos e nesse artigo, falaremos pontualmente de todos os conceitos que dão origem à chamada análise funcional do comportamento.

Behaviorismo e o comportamento como objeto de estudo

A parte da psicologia que vai estudar mais profundamente os fenômenos do comportamento é o behaviorismo, também conhecida como comportamentalismo.

A palavra behaviorismo tem origem do inglês behavior que significa conduta ou comportamento. Essa linha é atualmente uma das três principais correntes da psicologia, junto com a Gestalt e a Psicanálise.

No contexto atual, os princípios do Behaviorismo encontram-se em uso na Análise do comportamento, sendo utilizadas como tratamento de ponta para ansiedade, depressão e transtorno do neurodesenvolvimento, em específico o TEA. Eles também estão envolvidos na Terapia Cognitivo Comportamental, modelo usado por grande parte dos terapeutas.

Dentro dos estudos da psicologia behaviorista, existem dois modelos, o Behaviorismo Metodológico e o Behaviorismo Radical.

Behaviorismo metodológico

Idealizado por John B. Watson, com base nas teorias de condicionamento de Ivan Pavlov, foi o ponto de partida do Behaviorismo. Essa linha teórica se opõe ao mentalismo e introspeccionismo, em outras palavras, descartam os estudos relacionados a emoções e pensamentos.

A abordagem defende que o comportamento pode ser previsível e controlado a partir de estímulos, e também poderia ser ajustado e moldado, podendo até se formar um caráter a partir das influências que ela tivesse no meio em que convive. Uma criança ser extremamente amorosa por viver em um lar amoroso, ou ser extremamente violenta, por viver em um lar violento, por exemplo.

Behaviorismo Radical

Já o behaviorismo radical defende o comportamentalismo, surgindo como oposição ao behaviorismo metodológico. Idealizado pelo psicólogo americano Burrhus Frederic Skinner, essa abordagem defende que o Behaviorismo radical é uma filosofia da ciência do comportamento humano, e que é por meio do ambiente que se dão os comportamentos. 

Essa abordagem utiliza-se apenas de elementos observáveis, ou seja, os aspectos cognitivos não são considerados, uma vez que o ser humano é visto com um ser homogêneo, e não composto por corpo e mente. Os estímulos que são dados pelo  ambiente irão definir a forma como iremos agir, e se mudarmos o ambiente, mudaremos também nosso comportamento.

Em poucas palavras, entende-se que não há como estudar a mente, pois ela está dentro de cada pessoa, e tudo que temos acesso - vendo de fora - são os comportamentos. Quando alguém fala que está feliz ou triste, não podemos ver a felicidade ou a tristeza, apenas a pessoa que tem o comportamento de falar sobre essas emoções.

Comportamentos reflexivos

Os comportamentos reflexivos são o que o nosso corpo faz sem desejarmos.

Quando você vai ao médico e ele bate o martelo no seu joelho, o músculo de sua coxa sofre uma extensão; quando ouve um barulho alto e repentino, seu coração dispara; quando entra em uma sala muito quente, você começa a suar. Esses são apenas alguns exemplos de reflexos inatos.

Utilizamos o termo “bom reflexo” quando uma pessoa consegue executar determinadas ações de forma rápida, como desviar o rosto de uma ameaça ou pegar um objeto rapidamente quando ele escorrega, por exemplo. Dentro da psicologia, quando falamos de comportamento reflexivo não estamos tratando de capacidades ou habilidades, mas da relação entre uma ação e o seu antecedente.

Ou seja, o que o indivíduo faz é a resposta e o que antecede isso é o estímulo. Reflexo, é portanto, a correlação entre o estímulo e a resposta, a interação entre o organismo e o seu ambiente.

Os reflexos e as  emoções

Um aspecto muito importante do comportamento humano são as emoções: medo, alegria, tristeza, raiva, excitação, entre as mais diversas, orientam em partes nossa forma de agir. Quem nunca presenciou ou foi a pessoa que explodiu em determinada situação, e depois pensou algo como “não consegui me controlar na hora, só explodi”.

Nesses casos, é quase irrelevante tentar controlar a situação com frases do tipo: “controle-se!”, “acalme-se!” ou “está tudo bem!”, já que estamos sob uma forte resposta emocional, e a razão não consegue processar esses comandos.

Por isso, precisamos entender que as emoções ou respostas emocionais não ocorrem do nada, mas sim, que estão ligadas a determinados eventos ambientais. Se pararmos para pensar, não sentimos alegria do nada, da mesma forma não sentiremos tristeza, raiva ou qualquer outro sentimento sem que nada tenha ocorrido anteriormente.

Mesmo que a causa daquela resposta emocional não esteja aparentemente evidente, ela existe, podendo até se manifestar em memórias, músicas, imagens, pensamentos - um “ambiente” que existe dentro de nossa cabeça - e não só em ações propriamente ditas.

Outro fator determinante é entendermos que as emoções, em uma certa porcentagem, dizem respeito a respostas do nosso organismo, ou seja, elas também são fisiológicas. Sentir medo, raiva, alegria, por exemplo, é extremamente completo de reações fisiológicas acontecendo ao mesmo tempo: as glândulas suprarrenais secretam adrenalina, os vasos sanguíneos periféricos contraem-se, o sangue deixa os órgãos e concentra-se nos músculos, etc.

A fisiologia das emoções é o que está por trás do uso de psicofármacos - ansiolíticos e antidepressivos, por exemplo, agem na nossa estrutura fisiológica, e não mental, por isso não curam essas doenças, e se você parar a medicação, perceberá que ainda está com os mesmos sintomas de antes.

Comportamento fisiológico e social

Suponha que o dia está muito quente, você está numa sala de espera e o ar condicionado está desligado. Essa sala, com você, a recepcionista e o ar condicionado, é o ambiente atual. Em poucos  minutos, você começa a suar, essa é a sua resposta fisiológica.

Ao mesmo tempo, vai ficando de mal humor, resposta emocional, e então resolve agir. Pede para a recepcionista ligar o ar condicionado, e tem mais uma resposta, dessa vez, social. Aos poucos, a sala começa a resfriar-se, houve então uma mudança de ambiente. Consequentemente, haverá uma mudança de resposta, seu corpo irá parar de suar e seu humor vai melhorar. 

Percebe como o ambiente pode ser modificado e, dessa forma, automaticamente mudamos nossos comportamentos? Aqui podemos ver uma relação com o Ciclo da Hipnose Transformacional: a comunicação do ambiente (calor) constrói um estado emocional (mal humor) que gera um comportamento (pedir para ligar) e produz um resultado (frio).

Análise funcional do comportamento

Como terapeutas, quando estamos diante de um comportamento, mais do que julgar, devemos pensar no seguinte questionamento: “qual a função desse comportamento para essa pessoa?”

Jamais, como profissionais, devemos negligenciar um comportamento, pois eles não ocorrem de forma isolada e sempre, mesmo que fisiológicos, nos informam algo. Por isso, a análise funcional do comportamento é a ciência que observa os aspectos do ambiente e a função que o comportamento tem no mesmo, evidenciando, de forma mensurável, porque aquele comportamento aconteceu.

Comportamentos evoluem, modificam-se, pois eles tem alguma utilidade na sobrevivência do indivíduo, são funcionais, uma vez que tem alguma função.

O hábito de fumar, por exemplo, está muito relacionado ao câncer e outros aspectos negativos, mas para a pessoa que fuma, aquele hábito tem uma funcionalidade, seja o alívio da ansiedade, estar em companhia, a maneira de ligar com algum trauma, e isso não significa que ela não entende o quanto aquele hábito é ruim para sua saúde, mas em seu julgamento, o comportamento de fumar ainda traz mais consequências positivas do que negativas.

Quando fazemos a análise funcional desses comportamentos, somos capazes de identificar aspectos que antecedem e perpassam o ato de colocar o cigarro na boca e fumar. Trata-se de analisarmos o que aconteceu antes da vontade de fumar e o que aconteceu após terminar o cigarro. Essas consequências podem estar relacionadas ao que chamamos de reforço, que irá manter ou não aquele comportamento.

Reforço,  punição e extinção

Você já parou para pensar porque os comportamentos se mantêm ou não? Pois bem, o aumento, permanência ou extinção de um comportamento está diretamente ligada às consequências, e são essas consequências, positivas ou negativas, que irão determinar se o comportamento se instala ou é abandonado.

Reforço positivo e negativo

Diferentemente do que aprendemos no senso comum, o reforço positivo e  negativo não estão relacionados a algo bom ou ruim. Dentro da ciência do comportamento, esses termos são entendidos como a retirada ou acréscimo de algo no ambiente.

Reforço positivo: introdução de algo de interesse do indivíduo, seja tangível - como objetos - um estímulo sensorial, um toque, um abraço; ou um reforço social, um elogio, feedbacks, por exemplo. Todos esses exemplos inserem algo no ambiente e aumentam a probabilidade do comportamento ocorrer novamente.

Reforço negativo: Quando retiramos algo que estava sendo aversivo do ambiente, chamados de reforço negativo. O sol entrou pela janela da sala, e puxamos a cortina para ter sombra; um som alto é desligado; ao fazer isso estamos criando um reforço negativo, pois retiramos aqueles estímulos aversivos do ambiente, modificando-o.

Punição positiva e negativa 

Também, diferente do que o senso comum conhece, punição não é um castigo. As punições diminuem a probabilidade de que o comportamento ocorra novamente e são muito utilizadas para moldar comportamentos inadequados, principalmente no contexto da educação.

Punição positiva: Esse tipo de punição é caracterizado pela introdução de algo aversivo, desagradável, na tentativa de que a pessoa entenda que ao ter determinado comportamento, algo desagradável entrará no contexto.

Punição negativa: Já a punição negativa consiste na retirada de um estímulo agradável ao indivíduo quando ele apresenta um comportamento inadequado. Portanto, trata-se de remover algum reforço positivo.

Conclusão

O comportamento é uma grande área de estudo da psicologia, que engloba questões tanto ambientais, como fisiológicas. Comportamentos são estruturas complexas, que devem ser analisadas dentro de um contexto, considerando seus ambientes, antecedentes e subjetividades.

Para nós, terapeutas, conhecer os conceitos comportamentais nos permite analisar de forma mais profunda e mensurável porque nossos clientes agem de certa forma, ou não, e assim podemos guiá-los na direção mais adequada aos objetivos deles.

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Artigo publicado em:
11/11/2022
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Romanni Souza

Criador da Hipnose Transformacional, graduado em psicologia pelo Unipam, e pós graduado em neurociências pela PUCRS. Fundador do Instituto Romanni, com mais de 20 mil pessoas transformadas.

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