Apesar de ser desagradável tanto para quem sente, quanto para quem é afetado, o ciúme é um sentimento comum em todos nós, podendo se manifestar em relação a amigos, familiares ou parceiros.
Existe, entretanto, uma diferença entre o ciúme comum e o ciúme patológico, ou excessivo. Nesse caso, cabe a pessoa quem sente buscar diferenciar entre eles e encontrar maneiras de controlá-lo, pois não há um diagnóstico específico para essa emoção.
O ato de sentir ciúme atua como um alerta para coisas que ao nosso ver estão fora do controle. É natural do ser humano querer eliminar possíveis ameaças, e o medo de perder faz com que a pessoa comece a sentir ciúme.
Vale lembrar que esse medo pode estar ligado a uma condição real ou a cenários psicológicos de quem sente. Geralmente, pessoas que possuem ciúme patológico costumam sentir mais ciúme por fatores imaginários do que reais - ela acredita que será traída, e cria situações de como isso pode ocorrer, mesmo quando o parceiro ou a parceira não dá sinais disso.
Muitas são as motivações para sentir ciúme, mas na maioria dos casos ele está ligado à insegurança, desconfiança, baixa autoestima e falta de autoconfiança. O ciúme, em intensidade normal, é alimentado pelo medo de não ter mais aquela relação.
Ademais, relações anteriores mal sucedidas podem despertar esse sentimento de uma maneira mais forte, principalmente se houve traições ou relações abusivas. As motivações também podem vir de uma questão mais individual de quem sente, como, por exemplo, a falta de afeto familiar na infância, que pode gerar um sentimento de obsessão e necessidade desse afeto na vida adulta.
Diferentemente do ciúme comum, o ciúme patológico é uma condição que não possui ligação alguma com o amor, configurando uma relação que pode até ser abusiva e é sempre muito difícil para quem faz parte dela.
Uma pessoa com ciúme patológico sempre tem pensamentos negativos em relação à outra, imaginando como será enganada, traída e deixada. As motivações para esses pensamentos são, na maioria das vezes, fruto da sua imaginação e não existem na relação.
A obsessão pode destruir a relação, afinal ninguém aguenta viver com uma pessoa com excesso de ciúme por muito tempo, e se não houver o término, certamente haverá o adoecimento de ambas as partes.
É importante destacar que, apesar do nome, não há uma descrição para o ciúme patológico nos manuais que indicam diagnósticos e tratamentos para transtornos de saúde mental. Ele é visto mais como um sintoma do que como uma doença, e está ligado a questões como:
Vale pontuar que o excesso de ciúme não prova um desses transtornos, e a pessoa que o demonstra jamais deve ser chamada ou tratada como “louca”, afinal isso intensifica os problemas de autoestima e insegurança que podem estar alimentando o ciúme.
Outra característica de uma pessoa com essa visão é não enxergar os problemas em suas atitudes. Ao seu ver, seu modo de agir está sempre coerente e ela tem motivos para agir de tal forma, sem enxergar que os limites e espaço do outro estão sendo invadidos.
Ademais, um ciumento obsessivo está sempre à procura de evidências que comprovem sua teoria; por isso é muito comum que seu parceiro tenha a privacidade invadida na tentativa de buscar provas que irão flagrar a pessoa numa traição.
É complexo afirmar quando o ciúme é normal ou não, porém algumas características do ciúme excessivo são bem universais. Vale lembrar que uma avaliação psicológica a fim de um diagnóstico profissional será sempre a melhor opção para todos os envolvidos, principalmente quando os comportamentos da pessoa colocam ela ou outras em risco.
Alguns sinais do ciúme patológico são:
Embora muitas pessoas não saibam, o ciúme em excesso possui sim tratamento. Vale lembrar que tratamento difere de cura. Não podemos curar algo que não é uma doença, mas quando tratamos isso, adquirimos a capacidade de controle.
Nesse caso, o controle é feito por meio de psicoterapia. Com a ajuda de um profissional especializado você conseguirá identificar seus traumas e gatilhos acerca do ciúme patológico para conseguir lidar com ele.
A procura de um profissional também torna-se importante, até mesmo quando há motivações reais vindo do parceiro, como sinais de traição, indiferença e mentiras.
Muitas vezes a pessoa que sente o ciúme não se enxerga dentro de uma relação abusiva até realizar o procedimento terapêutico - ela é tratada como louca ou insegura pela outra parte da relação, e não encontra formas de lidar com suas emoções. O atendimento pode diferenciar os dois casos.
O processo terapêutico, em vários aspectos da vida, nos ajuda a visualizar nossas fraquezas e nos aproxima da transformação em quem gostaríamos de ser, estimulando nosso autoconhecimento, inteligência emocional e autoestima.
Ele é importante até para quem aparenta uma vida saudável, e se torna fundamental quando pensamentos e ações colocam em risco os nossos relacionamentos, a nossa segurança pessoal ou a das pessoas com quem convivemos.
Além da busca terapêutica, algumas medidas podem ser colocadas em prática a fim de melhorar sua relação com o ciúme. Vale ressaltar que se você se identificou com muitos dos sintomas citados, a melhor opção sempre será buscar ajuda profissional. Essas dicas podem ser usadas enquanto aguarda o atendimento, ou enquanto passa por ele.
Trabalhe sua autoestima e autoconfiança: Quando estamos bem conosco, consequentemente estamos bem com as coisas ao nosso entorno. A autoestima e o autoconhecimento melhoram nossa relação com os outros e nos deixam mais seguros em qualquer relação.
Converse: Sempre que algo lhe incomodar, chame seu parceiro para uma conversa franca. Exponha suas motivações para pensar daquela forma e busque esclarecer as dúvidas. Uma relação saudável se dá a partir do diálogo, e se vocês não conseguem ter esse momento, algo além do ciúme não anda bem no seu relacionamento.
Delete suas redes sociais por um tempo: Se você é aquele tipo de pessoa que usa as redes sociais para procurar pistas que alimentem seu ciúme, se afaste desse gatilho por um tempo. Redes sociais não são um ambiente real e podem abrir várias possibilidades para sua imaginação criar situações que não estão de fato ocorrendo.
Lembre-se, você não é detetive - a pessoa que está com você deve respeito e consideração e isso não são coisas que devem ser cobradas ao mínimo sinal de desconfiança. Esclareça as situações e procure agir de forma racional!