Em primeiro lugar, uma abordagem coletiva é sempre a melhor opção.
Quando há a ajuda de amigos, familiares, colegas do trabalho e profissionais adequados à tarefa, os resultados chegarão mais rápido e terão uma chance maior de se perpetuar, causando um abandono definitivo do vício.
Se você acredita estar lutando sozinho(a), as comunidades virtuais organizadas por especialistas na área podem ser uma opção de acolhimento. Existem diversos profissionais dedicados a essa tarefa, como é o exemplo da Dra. Julia Khoury, com quem eu pude conversar sobre como superar um vício na live Eliminando Vícios.
A Julia, que é psiquiatra pela UFMG e hipnoterapeuta formada no Instituto Romanni, deu diversas dicas, tanto para a pessoa que está enfrentando pessoalmente um vício, quanto para quem gostaria de ajudar alguém nessa situação!
1. Identificar
2. Compreender
3. Modificar
Bônus: O que fazer quando a pessoa “não quer” ajuda?
Você sabe dizer, exatamente, o que define um vício?
É normal ver alguém apontando que um conhecido é alcoólatra ou que o filho está viciado em jogos - mas quando um comportamento se torna verdadeiramente prejudicial?
Não existe uma linha definitiva separando o que é vício do que não é, mas todos podemos concordar com os estes dois elementos:
Uma noção fundamental acerca do vício é que estes dois elementos podem ser desenvolvidos em relação a quase todo tipo de substância ou ação - embora, é claro, alguns sejam mais poderosos do que outros.
Há quem tenha obsessão com café, ao ponto de acabar com insônia ou gastrite por conta da bebida. Outras pessoas são viciadas em academia, uma prática que é benéfica quando realizada com equilíbrio.
Muitas desenvolvem problemas com jogos, filmes e séries, doces, acumulação de objetos e até com faxinas em excesso! Existe também o vício em trabalho, atividade que é essencial para todos nós, mas pode causar transtornos quando passa a controlar inteiramente o seu dia a dia.
Nesses casos, é difícil falar, e até mesmo imaginar, que a pessoa tem um problema com café, academia ou trabalho, mas afirmamos facilmente que alguém tem um problema com as drogas, por exemplo.
Se o trabalho, em si, fosse viciante, teríamos uma situação gravíssima, já que bilhões de pessoas são expostas a ele diariamente - entretanto, só algumas experimentam os efeitos negativos do trabalho compulsivo.
Essa percepção nos leva à seguinte pergunta: o que causa um vício?
Qual é a linha entre tomar algumas doses depois do trabalho e desenvolver um quadro de alcoolismo, por exemplo? A resposta é dada pela segunda etapa em nossa jornada para entender como superar um vício.
Existem dois fatores comumente associados ao vício: genética e ambiente - que pode ser definido como a soma de eventos na vida de uma pessoa e as maneiras pelas quais ela interpreta estes acontecimentos.
No primeiro caso, considera-se a possibilidade de que algumas substâncias possam interagir com certos genes em nosso organismo, aumentando as chances de que elas causem dependência química em pessoas predispostas.
No segundo, acredita-se que a exposição a determinadas situações, e a forma são interpretadas, dão início a um comportamento compulsivo. Aqui nós vamos focar nessa visão, por dois motivos:
1. Enquanto a genética é imutável, podemos utilizar métodos como a Hipnose Transformacional para controlar a influência do ambiente em nossas vidas;
2. Nos estudos que ligam fatores genéticos ao vício, eles são tratados como indicativos, e não determinantes: mesmo nesses casos, o fator ambiental ainda exerce um papel, que pode ser controlado.
Na live que eu fiz com a Dra. Julia, ela afirma que o vício não é uma doença, mas um sintoma de problemas anteriores.
Todo terapeuta com alguma experiência já tratou, ou pelo menos ouviu histórias, sobre pessoas que:
Essas histórias nos mostram que o comportamento compulsivo quase sempre surge para ocupar um espaço (luto, término, demissão...) ou para amenizar um excesso - de preocupação, estresse ou cobranças, por exemplo.
Não há como superar um vício sem levar isso em consideração: ele é parte de uma história. Compreender uma pessoa a partir do vício, e não de sua vida inteira, seria como abrir um livro na última página e tentar entender o final.
Entendendo que o vício é um sintoma, nós devemos tratar as suas causas. Essa etapa pode ser dividida em duas frentes.
Tome como exemplo um estudante universitário. Quando ele sente a pressão e ansiedade por resultados, busca o cigarro para distrair-se dos próprios pensamentos. Uma terapia como a Hipnose Transformacional estará focada em fornecer maneiras saudáveis de lidar com essas emoções, para que fumar não seja mais necessário.
Aqui está uma das reclamações mais comuns entre quem está aprendendo como superar um vício para ajudar amigos ou familiares: você luta para afastar a compulsão, mas parece que nada adianta - a pessoa querida sempre acaba voltando ao vício.
E agora?
Em primeiro lugar, saiba que não existe receita pronta: cada pessoa terá seus próprios mecanismos e o que funciona para uma pode não dar certo com outra. É fácil apontar, num exemplo, que uma nova bebida, conversas e caminhadas vão ajudar, mas isso é apenas uma síntese.
Será preciso investir tempo para descobrir e substituir as causas profundas e imediatas do vício no caso dessa pessoa específica, assim como para realizar o processo de terapia e implementar os novos hábitos conforme o ritmo dela.
Tenha em mente que todo ser humano deseja ter controle sobre as próprias escolhas, e ficar refém de uma substância ou comportamento não é algo que seu amigo ou familiar faz por teimosia ou implicância - ninguém sabe melhor do que ele o quanto seu vício está causando problemas.
Não se trata de forçar uma transformação, mas de compreender as motivações do indivíduo e trabalhar com elas: ajudar a pessoa a encontrar os motivos pelos quais ela gostaria de superar o vício, e não os motivos pelos quais você acha que isso é importante!