Qualquer bom estrategista sabe que não se combate um adversário às cegas: é preciso reunir informação para entender como derrotá-lo. Para saber como tratar a ansiedade, devemos adotar essa abordagem estratégica, usando o conhecimento para ter domínio sobre o assunto.
A ansiedade pode ser descrita como uma expectativa sobre o futuro, demonstrada pelo medo ou desejo de que ele aconteça o mais rápido possível, e por tentativas de controlá-lo.
Perceba que, nessa visão, a ansiedade não é boa ou ruim - tal expectativa é natural e está presente na vida de qualquer pessoa. O problema surge quando há um “excesso de futuro” e os pensamentos sobre o que virá impossibilitam a vida no momento atual, paralisando as suas ações.
Ansiedade, em certa medida, é algo positivo. Ela impede que você corra no meio de uma avenida movimentada ou deixe de ir ao trabalho durante uma semana sem qualquer razão, por exemplo, ao lembrar que existem consequências para as suas ações.
Nem tudo que hoje é descrito como ansiedade precisa de tratamento. A tensão antes de realizar uma prova, conduzir uma apresentação ou conversar com uma pessoa que consideramos importante, por exemplo, é algo normal.
Nesses casos, a ansiedade é um estado passageiro, que vem e vai acompanhando estímulos do ambiente, assim como qualquer outra emoção, tanto as que consideramos positivas quanto as que, por algum motivo, acreditamos serem negativas.
Em poucas palavras, podemos definir a ansiedade como uma representação incorreta que a pessoa faz de si mesma e do ambiente onde se encontra. Esse ambiente pode ser um local físico, como uma reunião onde precisa demonstrar resultados, ou um momento de vida, como a chegada de um novo filho ou uma demissão.
A pessoa acredita que a situação trará um desafio gigantesco, e se preocupa por não estar preparada o suficiente para lidar com ela da melhor forma possível.
Desse ponto em diante, existem dois caminhos: usar essa preocupação como uma ferramenta para se preparar, identificando e resolvendo antecipadamente os problemas, ou ser dominado por ela e não conseguir agir, permitindo que o futuro chegue e você, realmente, não tenha se preparado.
É nesse segundo caso, quando nos impede de agir no presente, que a ansiedade pode ser descrita como patológica, e requer alguma forma de tratamento.
Antes de continuar, é importante destacar que uma situação, por si só, não determina a ansiedade, mas exerce influência sobre ela.
Pessoas diferentes reagem de formas diferentes às mesmas questões, e se você experimenta a ansiedade num momento em que outras pessoas ficam tranquilas, não significa que você tem um problema interno, apenas um problema com essa situação específica.
Com a ansiedade patológica, costumam ocorrer os ataques de pânico: falta de ar, tremores e perda do equilíbrio estão entre os sintomas mais comuns, e entender a sua causa será a primeira medida para lidar com eles.
Quando somos ameaçados por uma situação, o nosso corpo fornece energia excessiva para os músculos e os órgãos do sentido. É uma reação conhecida como lutar ou fugir, que nos dá força e atenção.
Ela permitiu que os nossos antepassados pudessem escapar de um tigre ou de um grupo inimigo, e hoje é responsável por alguém desviar de uma colisão sem saber exatamente como ou entrar num prédio em chamas para salvar uma vida.
O problema é que essa reação também pode ocorrer em situações menos ameaçadoras - quando estamos perdendo um prazo importante, por exemplo.
A nossa vida não está em perigo, mas a reação de lutar ou fugir entrar em jogo. Como não podemos (ou nem mesmo precisamos) fazer uma das duas coisas, a energia que foi distribuída pelo corpo não é utilizada, e dispara as reações físicas que compõem os sintomas do ataque de pânico.
Ao compreender esse mecanismo, podemos dominar melhor a situação. Observar os sinais do seu corpo quando vivencia um ataque de pânico permite identificá-los cada vez mais cedo, impedindo que eles assumam o controle.
Tratar a ansiedade é um processo no qual devemos reeducar o Sistema Simpático, parte do sistema nervoso responsável pelas reações de lutar ou fugir em situações de ameaça.
As causas para sua desregulação podem ser diversas, mas em todos os casos, o Sistema Simpático atua quando não deveria. É como o alarme de um carro que dispara sem ninguém chegar perto. Ambos precisam ser ajustados para cumprir suas (importantes) funções no momento correto.
O Sistema Simpático de cada pessoa tem sensibilidades diferentes para as mais diversas ameaças em potencial, que funcionam como uma escala de perigo.
Os cães são um bom exemplo disso. Algumas pessoas terão ansiedade até ao ver uma foto deles, ou escutar latidos no outro lado de um portão. Outras não se sentem ameaçadas até que um cachorro venha correndo na sua direção, e há quem só veja problemas quando o animal realmente ataca.
Para saber como tratar a ansiedade é importante saber em que ponto dessa escala você se encontra, e para quais ameaças. Ninguém é ansioso com tudo, ou o tempo inteiro, e mesmo que você não consiga identificar a causa da sua ansiedade, ela está em algum lugar da sua mente.
A partir daí, o processo é simples - embora leve algum tempo: você precisa avançar degraus na sua escala.
Retomando o exemplo dos cães, pode ser necessário assistir alguns vídeos de pessoas lidando com filhotes, até aceitar estar no mesmo ambiente que um desses animais, tocá-lo levemente, e por fim, brincar com eles.
Vale pontuar que não basta se expor às causas de sua ansiedade, é fundamental perceber os sinais que ela provoca no corpo e no pensamento para ser capaz de controlá-los, ou o problema pode aumentar!
Saber como tratar a ansiedade, portanto, é dominar esse processo de exposição e aprendizagem, levando em consideração o ritmo de cada pessoa, para que ela possa avançar ao longo de sua própria escala.