A dependência emocional é um tema ainda confuso, que causa bastante sofrimento e gera dúvidas na maioria das pessoas. Também é um assunto estudado por profissionais e pela população em geral, pois envolve questões amorosas, familiares e de amizades.
Em algum momento da vida, iremos nos deparar com alguém que esteja numa relação envolvendo laços de dependência, ou podemos descobrir que nós mesmos estamos passando por ela - daí a importância de avaliar melhor o tema.
A dependência emocional não pode ser entendida de modo superficial, ela depende de vários fatores, incluindo o modo com as pessoas encaram a vida e lidam com os desafios causados pela interação com outros seres humanos.
Somos sociais, e por definição dependemos dos outros para sobreviver. Nossos encontros amorosos e afetivos fazem parte disso, e nos apegamos a determinadas pessoas, lugares, objetos, e assim por diante.
A dependência emocional, no entanto, é algo que vai além, e caracteriza uma forma negativa de se relacionar com alguém. Ela é como um vício, e a pessoa que está ocupando o lugar de dependente necessita tomar consciência da sua posição, para reassumir o controle da própria vida.
Poucas pessoas sabem, mas a dependência emocional é um problema muito sério. Alguns acreditam ser apenas um tipo de relacionamento que tende a trazer desafios de cunho emocional e psicológico, mas a dependência emocional vai além dessa definição. É um tipo de violência contra si mesmo, que machuca e destrói personalidades.
A dependência emocional pode estar relacionada com várias questões, dentre elas, traumas de infância, problemas relacionados à autoestima e autoimagem, sentimentos depreciativos sobre si mesmo, necessidade excessiva de aprovação, condição de desamparo, carência, vazio provocado por alguma perturbação interna, medo das situações que necessitam ser encaradas de modo solitário, e assim por diante.
Temos que compreender a dependência emocional num sentido amplo, entendendo que mesmo uma pessoa saudável pode desenvolver algum tipo de dependência emocional em suas relações.
O dependente costuma ter os mesmos comportamentos de uma criança que recebe pouca atenção da família - a busca constante para ser amado, aceito e importante. Ele sofre com o medo do abandono, e faz de tudo para evitar o desconforto causado por ele, reduzindo a si mesmo para se entregar ao outro.
A partir daí, ele despeja sua expectativa de vida em outro alguém, tornando-se submisso à relação e se afastando de si mesmo. Dessa forma, negligencia as próprias necessidades e gostos, tentando se encaixar perfeitamente no mundo do outro para não ser abandonado, e vivendo a própria vida em função dos desejos e vontade de quem ele depende.
Nesse processo de se apagar, os desafios psicológicos se tornam ainda mais fortes, despertando ou alimentando problemas como depressão, ansiedade, baixa autoestima, falta de confiança em si mesmo, e assim por diante.
Devemos sempre reconhecer que a infância é um grande divisor de água em nossas vidas, e isso significa dizer que dependendo da forma pela qual fomos criados, teremos consequências seríssimas no decorrer dos anos - é um período bastante sensível, marcado pelas primeiras experiências positivas e negativas.
O psicólogo John Bowlby desenvolveu a Teoria do Apego, e traz a compreensão de como a relação entre a criança e os educadores (não apenas no sentido profissional, mas envolvendo todas as pessoas responsáveis por ela) implica na forma de nos relacionarmos durante a vida adulta.
Bowlby traz em suas pesquisas a ideia de que, na falta do amor, afeto e apego, a criança tende a tornar-se uma pessoa fria ou emocionalmente instável, como uma montanha russa de sentimentos. Ela pode voltar sua atenção para o agrado dos outros, fazendo de tudo para satisfazer e criando uma relação de dependência.
Uma criança com um vínculo familiar mais forte e seguro, que não tenha passado dificuldades nos relacionamentos familiares, tem grandes chances de se tornar alguém mais seguro de si e com maior facilidade para se relacionar saudavelmente com os outros.
É importante perceber, no entanto, que a infância tem influência, mas não determina a vida adulta. Pessoas com infâncias complexas podem se tornar adultos saudáveis, e pessoas com infâncias saudáveis podem apresentar desafios mais à frente.
De um modo mais geral, nos tornamos dependentes de alguém desde os primeiros dias de vida. O ser humano é uma das espécies com maior grau de dependência, pois necessitamos de cuidado para comer, nos aquecer e ter proteção contra todos os tipos de ameaça. Um bebê sobrevivendo sozinho, sem proteção, não vai durar mais do que alguns dias.
Da mesma forma que crescemos dependentes, também somos afetados constantemente pelos outros, seja num sentido positivo ou negativo. A nossa personalidade tem uma influência muito grande da forma como as pessoas nos enxergam, sobretudo a visão dos adultos quando somos crianças.
Se alguém sempre ouve pais, professores e outras “autoridades” do mundo adulto falarem que ele é muito esperto, uma criança quietinha, ou não faz nada direito, vai internalizar essas características e passar a se ver de tal maneira.
A dependência emocional não é apenas uma questão individual de quem sofre com ela - muitas pessoas que estão em um relacionamento com alguém nessas condições acabam contribuindo para que a outra permaneça nesse sofrimento, de forma consciente ou não.
Seja por interesses negativos, ou por não saber lidar com as próprias questões emocionais, elas usam a manipulação para alimentar a dependência emocional da outra parte. É fundamental analisar as nossas próprias relações e perceber se não estamos fortalecendo essa dependência em alguém, pois ao tomar conhecimento da situação podemos libertar a nós mesmos e a outra pessoa!
Não existe uma linha absoluta para definir o que é dependência emocional - cada relação é única e terá suas próprias regras. Existem, no entanto, alguns sinais de que as coisas não estão se dando de modo saudável, para uma ou ambas as partes.
O sinal mais comum é o perdão incondicional. Quando alguém depende de outra pessoa, vai encontrar razões e desculpas para tudo que ela faz, pois em sua visão é mais fácil perdoar do que viver sem ela. Isso não significa que as coisas sejam fáceis - a pessoa que depende vai sofrer com cada erro da outra, mas não será capaz de dar um basta na relação.
Outro comportamento evidente é a anulação dos próprios desejos. Quem vive a dependência emocional vai deixar oportunidades de trabalho e estudos para depois, se afastar dos amigos e das atividades que gosta de praticar, se elas não agradam à outra parte.
Na tentativa de evitar um conflito, podemos destruir partes valiosas de nós mesmos, aniquilando a nossa autoestima e o valor próprio dia após dia. Quanto mais isso ocorre, mais isolada a pessoa se torna, e sem ter outros relacionamentos, hobbies ou sonhos, a dependência emocional consome todo o espaço em sua mente!
Algumas pessoas que sofrem de dependência emocional também podem experimentar episódios muito profundos de ansiedade ou melancolia se ficam longe da outra. É claro que nos afastar de quem amamos sempre é um pouco difícil, mas nesse caso o sentimento faz a pessoa perder noites, deixar de se alimentar ou de cumprir suas tarefas, vivendo pela expectativa do reencontro.
Completando os sinais comuns, temos o distanciamento emocional de outras pessoas. É como se elas não tivessem nada de interessante, ou fossem desnecessárias, já que a satisfação emocional se encontra na presença “daquela” pessoa a quem a dependência se direciona.
Primeiramente, é importante ressaltar o quanto a autoestima precisa estar bem estruturada para que as emoções e relacionamentos sejam vivenciados de maneira saudável.
Ela deve estar acompanhada do autoconhecimento, para reconhecer nossos desejos e possibilidades. O autoconhecimento também permite enxergar quando uma relação está se tornando problemática, acendendo alertas quando acontece uma das situações listadas acima. Se a dependência emocional é identificada no começo, ela pode ser enfrentada antes de ganhar força e virar o centro da sua vida.
Lidar com questões de saúde mental também tem uma grande importância. Como já dissemos, pessoas saudáveis podem vivenciar a dependência emocional, mas se você enfrenta transtornos como ansiedade, depressão ou bipolaridade, entre tantos outros, fica mais vulnerável a ela.
Isso ocorre porque, com a dificuldade para organizar suas emoções internas, somada ao isolamento que esses transtornos podem gerar, se torna muito fácil entregar todas as fichas à primeira pessoa que oferecer qualquer tipo de atenção ou carinho.
Por fim, cuide muito bem da sua individualidade dentro dos relacionamentos. Nunca aceite comentários ou atitudes que parecem diminuir o seu valor. Se você está na dúvida sobre as ações ou falas da outra pessoa, fale com ela, e não gaste muita energia criando cenários em sua cabeça.
Caso a outra pessoa negue, mas você ainda se sinta desvalorizado, deixe isso claro e avise que não vai aceitar a forma de agir que está lhe fazendo mal. Pense no seu relacionamento como uma casa, da qual você e a outra pessoa são os pilares - a construção inteira só fica de pé se os dois estiverem fortes e equilibrados, e vai desmoronar caso um afete a estrutura do outro!
Vencer a dependência emocional é possível, mas assim como em tantos outros desafios psicológicos, primeiro você deve reconhecê-la.
Caso você tenha se identificado com muitos dos sinais listados nesse artigo, é hora de tomar consciência e aceitar que está passando por um processo negativo, do qual precisa se libertar. Não há vergonha em reconhecer isto, nem em pedir ajuda para seguir adiante. Pelo contrário, é preciso ter coragem para voltar a buscar o seu próprio valor!
Tenha em mente que superar a dependência emocional não significa deixar a outra pessoa, mas construir uma nova relação consigo mesmo. É preciso se amar, antes de amar alguém, estar completo e deixar que o outro lhe transborde, ao invés de precisar dele para se preencher.
É um processo de autoconhecimento, de reencontrar-se com seus desejos e objetivos, e de olhar com carinho para as suas falhas, entendendo que elas não te diminuem, apenas te tornam um ser humano. Você pode conquistar essa mudança por meio da autoterapia, a ferramenta ideal para aprender a se relacionar melhor com seu próprio eu!
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