Calmaria, atenção voltada para si, momentos extremamente reflexivos, essas são algumas características da meditação.
Sendo uma prática milenar, talvez existindo desde que o ser humano começou a se perceber no mundo, a meditação é um estímulo interno que traz muitos benefícios para os praticantes - não é atoa que muitas culturas fazem o uso desta como forma de encontrar a paz, e ela vem se tornando cada vez mais conhecida por aqui.
Vamos entender mais a fundo o que é meditação, qual a sua importância e como praticar de maneira efetiva?
A meditação é uma prática que consiste na atenção plena à consciência trazendo sensação de bem-estar físico e emocional. É claro que a meditação age de modo diferente em cada pessoa, isso se deve ao fato de que, por ser uma análise interna dos próprios pensamentos, existem infinitas diferenças em como cada pessoa “manuseia” seus processos.
Quando estamos falando de aspectos psicológicos, devemos ter em mente que todos nós somos diferentes um dos outros, lidamos e percebemos o mundo de maneira distinta, ainda que tenhamos algumas características em comum.
Dessa forma, os resultados da meditação em cada pessoa dependem de muitos fatores, mas sem sombra de dúvidas, ela é uma boa aposta para quem busca melhores formas de lidar com pensamentos bagunçados, problemas emocionais, estressantes e do cotidiano.
Estima-se que a meditação como uma prática organizada tenha surgido há muito tempo atrás com práticas espirituais do Oriente, em especial na China e Índia com o yoga e budismo, e em meados do século XX ganhou espaço entre outros povos, graças à globalização.
No entanto, podemos supor que ela já vinha sendo praticada por diferentes culturas antigas mundo afora. Se estamos falando sobre uma atenção plena de si mesmo, da consciência e de estar no mundo, provavelmente os primeiros seres pensantes já realizavam esse tipo de observação de si e de tudo que os rodeava.
É claro que existe uma diferença entre pensar sobre si e meditar, uma vez que a meditação possui funções e características específicas que precisam ser conhecidas antes da sua prática, pois não podemos confundir a meditação com a prática filosófica.
De acordo com Carolina Baptista Menezes e Débora Dalbosco Dell’Aglio, mestres em Psicologia pela UFRGS, existem dois tipos de meditação mais conhecidas: Meditação Concentrativa e Atenção Plena (Mindfulness);
Meditação Concentrativa: Utilizamos essa prática quando estamos em busca de um determinado tipo de treinamento voltado para a atenção, foco e concentração. Algumas pessoas utilizam sons relaxantes que são específicos para isso, bem como mantras, e existem diversos canais no Youtube com o foco em sons que relaxam a mente.
Nesse tipo de meditação, se houver distrações, o praticante deve voltar o foco para o elemento no qual escolheu se concentrar.
Atenção plena: Esse tipo de meditação é conhecida como uma prática de aceitação, no sentido de que o praticante fica imerso em suas percepções externas e internas, aceitando cada uma sem julgá-las. Com isso, a pessoa fará uma observação de si e do ambiente que a rodeia, apenas deixando os pensamentos irem e virem.
Esses dois tipos de meditação são formas de meditação passiva, justamente porque o praticante precisa estar sentado e em silêncio. Cada pessoa pode escolher para si o melhor tipo - geralmente a meditação concentrativa é a mais utilizada e conhecida, mas existem várias outras opções à disposição.
A grande questão é: por que meditar?
Para quem está na dúvida se é válido investir tempo na meditação, a resposta é SIM!
Hoje em dia a psicologia investe muito tempo para entender como a meditação funciona na mente humana. Um artigo dos pesquisadores australianos Richard Chambers, Barbara Chuen Yee Lo e Nicholas Allen traz à tona essas questões, principalmente para quem busca uma diminuição de pensamentos distrativos e invasivos.
Com apenas 10 dias de prática, os participantes do estudo relataram melhorias na atenção consciente, sintomas depressivos, repetição de pensamentos negativos, e aumentaram as notas em testes de memória curta e atenção.
A meditação é responsável por tornar a vida das pessoas mais tranquila para lidar com os próprios pensamentos, assim como também uma maior inteligência emocional para enfrentar os obstáculos e desafios que a vida nos impõe diariamente.
Existem algumas empresas e instituições sem fins lucrativos que utilizam a meditação como forma de acalmar, melhorar o ambiente de convivência e até mesmo a vida particular de cada um. É um tipo de ação coletiva que visa a diminuição do estresse e da distração, impulsionando mais atenção voltada às atividades.
A prática meditativa também é utilizada em ambientes de aprendizagem, em eventos festivos e até mesmo como uma simples ferramenta para começar o dia sem pensamentos ansiosos e distrativos.
No geral, a importância da meditação consiste no bem-estar psicológico. Praticantes de meditação elevam a saúde mental, melhoram as relações sociais com as pessoas ao seu redor, possuem uma tomada de decisão inteligente, se tornam mais calmas e atentas. Algumas pessoas relatam até mesmo uma maior conexão com o divino, ou seja, a conexão espiritual é aflorada.
E aí, está esperando o que para colocar a prática meditativa na sua rotina? Com todos esses benefícios de desenvolvimento pessoal, é bem difícil não introduzi-la na própria vida. Agora confira realizar a meditação de maneira efetiva!
Primeiramente devemos ter em mente quais os aspectos que queremos mudar com a meditação, sejam eles, emocionais, físicos, treinamento de atenção, diminuição de pensamentos invasivos, repetitivos ou simplesmente uma calmaria para lidar com os processos do dia-a-dia.
Quando realizamos a meditação para lidar com os nossos pensamentos, na intenção de organizá-los e manter um autocontrole sobre os invasivos que nos causam impactos negativos, a prática é feita para perceber os pensamentos que chegam a consciência - não os confrontamos e nem os deixamos tomar conta ao ponto de quebrar a percepção de si mesmo e do mundo externo.
Apenas observamos, mantendo a ideia de que pensamentos são apenas conteúdos passageiros - eles vêm e vão, mas não são verdades absolutas e podem ser transformados a todo momento pela consciência que permanece.
Em qualquer método de meditação, é interessante seguir alguns passos para reduzir as interferências externas, reconhecendo os desafios que existem para quem está iniciando e buscando formas de ajudar na concentração.
Procure um lugar calmo: O ambiente é um fator muito importante nesse processo, justamente porque se a meditação for realizada em meio a muitas distrações, barulhos ou pessoas interagindo com o praticante, provavelmente não haverá uma concentração plena à consciência. Por essas razões, opte por lugares calmos e silenciosos.
Com a prática, você pode se desafiar a manter o foco mesmo estando em espaços mais barulhentos e irritantes, ganhando uma habilidade de concentração cada vez mais forte.
Horários: Tenha horários definidos do dia para meditar - a parte da manhã e os momentos antes de dormir são boas escolhas.
Nos primeiros horários do dia conseguimos nos preparar para lidar com o que virá depois, seja no trabalho, família, enfim, desafios do dia-a-dia. Na parte da noite, a mente já estará cansada e precisando de um alívio, assim, a meditação age como filtragem para que os pensamentos ansiosos e invasivos não impeçam o sono.
No começo, basta separar um ou dois minutos em cada momento. Você não precisa meditar por meia hora para encontrar os benefícios, e a consistência diária é mais importante do que a intensidade. Caso ache interessante, é possível aumentar a duração quando se sentir mais confortável para isso.
Corpo: A postura corporal, assim como a limpeza do próprio corpo, é muito importante para a prática. A limpeza possui um imenso valor em vários aspectos da vida, e mantemos o nosso corpo limpo a fim de remover impurezas.
Na meditação, também há esse intuito: meditamos na intenção de nos livrar de aspectos negativos que afetam o bem-estar físico e psíquico, portanto, meditar após (ou até durante) um belo banho intensifica o relaxamento e a conexão entre corpo e mente.
No caso da postura corporal, devemos sempre manter a coluna ereta durante a prática meditativa, independente de estar sentado numa cadeira ou cruzando as pernas no chão.
É necessário que o momento seja relaxante e que traga benefícios para o corpo. Caso o horário que você esteja praticando a meditação seja na parte da manhã, é muito interessante e prazeroso alongar os músculos e despertar o corpo para um novo dia que se inicia.
Buscando a concentração: Após ter escolhido um lugar adequado e um horário fixo, focalize e concentre-se em algum objeto, mantenha o foco nele e imagine ser a única coisa que existe no mundo - nem mesmo você existe, apenas o elemento escolhido.
É muito interessante também focar em aspectos do próprio corpo, como por exemplo, a respiração, os batimentos cardíacos, a ponta do nariz ou o centro da testa. Tente se concentrar nisso, e quando sentir que está se distraindo, não desista, volte ao foco.
Meditação não é sobre “não pensar em nada”, é sobre perceber a distração e voltar ao foco. Essa prática nos ajuda a ter maior atenção, e trará benefícios para lidar com distrações no trabalho, estudos ou numa conversa importante, por exemplo.
Lembre-se que pensamentos vêm e vão, os perceba, sinta e respire. Na meditação Mindfulness a imaginação é o que comanda, atenção plena à consciência de estar no mundo como um ser pensante, percebendo a maneira como os pensamentos são trabalhados dentro desse aparelho psíquico.
Crie hábitos diários: Todo processo de desenvolvimento pessoal, transformação mental e corporal, necessita ser estimulado dia após dia. Não caia na ilusão de que a meditação fará efeito já nas primeiras tentativas - muitas pessoas desistem porque não vêem resultados de imediato.
Os benefícios da meditação crescem a longo prazo, quando a mente se acostuma com a prática ao ponto de trazer o autocontrole em situações do dia a dia.
Tenha disciplina para avançar um passo a cada dia, afinal, acessar e lidar com nossos pensamentos mais profundos diariamente não é uma tarefa fácil. Quanto mais agitada é a vida de alguém, mais importante a meditação se torna.
Há um velho ditado Zen que diz. “Você deve sentar em meditação por 20 minutos por dia, a menos que esteja muito ocupado, nesse caso você deve sentar por uma hora”. É óbvio que os tempos podem diminuir, afinal não estamos praticando para nos tornar mestres budistas, mas a lógica ainda é válida: se o seu dia foi muito cheio, meditar é ainda mais necessário.
No geral se descubra, observe, se auto analise, reflita… Tudo isso nos torna seres autoconscientes, mais afetivos, menos estressados e com uma boa inteligência emocional.Logo menos você será um praticante experiente contando para todos ao seu redor os benefícios que essa prática milenar possui.
Leia constantemente: O hábito de leitura é um ótimo aliado da meditação, justamente porque impulsiona o funcionamento cognitivo e nos ajuda a pensar com maior complexidade, o que é de suma importância para a prática meditativa.
Livros espirituais são uma ótima opção, principalmente quando falam sobre conexão interior, autoconhecimento e comunicação com os seus próprios pensamentos.
Tenha uma vida saudável: Uma pessoa que não possui hábitos saudáveis, com toda certeza terá uma saúde debilitada, tanto física, quanto psicológica. Se o corpo não estiver funcionando de maneira adequada, terá impactos significativos na mente e consequentemente na meditação.
Dessa forma, a meditação não alcançará todo seu potencial nem mesmo a longo prazo, então busque praticar exercícios físicos, ter uma alimentação balanceada, natural e noites de sono reguladas.
Agora que você já sabe os primeiros passos para se tornar um praticante de meditação, com toda certeza não vai deixar todos os seus benefícios escaparem, certo?!
Tenha em mente que a meditação sozinha não nos “salva”, mas contribui na diminuição dos incômodos internos que não sabemos lidar. Ela deve ser parte de um estilo de vida mais saudável, para o corpo, a consciência e os relacionamentos.