autismo

O que é o autismo, e como podemos lidar com ele?

O transtorno do espectro autista (TEA) é caracterizado por dificuldades na comunicação e na interação social, padrões de comportamentos estereotipados e repetitivos, além de possuir um hiperfoco e interesse restrito em algumas atividades.

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno complexo e variável, com uma ampla gama de sintomas e severidades que afetam cada indivíduo de maneira única.

Esse distúrbio do desenvolvimento afeta a comunicação, a interação social, a linguagem e o comportamento. Para familiares de autistas e terapeutas que irão prestar atendimento a clientes com TEA, compreender os sintomas e a natureza do transtorno permite proporcionar apoio adequado a esse indivíduos.

O que é o autismo?

O transtorno do espectro autista (TEA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado pela presença de um desenvolvimento atípico, com dificuldades na comunicação e na interação social, padrões de comportamentos estereotipados e repetitivos, além de possuir um hiperfoco e interesse restrito em algumas atividades. 

Apesar de muitos conhecerem o TEA pelo nome de autismo, desde 2013 utiliza-se oficialmente a nomenclatura completa, transtorno do espectro autista, por meio do lançamento da quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V).

Entende-se que o TEA possui diversas complexidades que não podem ser postas de forma uniforme, ou seja, cada criança se apresenta de forma subjetiva, e por isso se fala em um espectro. Jamais devemos encaixá-las em um grupo, pensando em tratamentos ou formas de lidar que possam ser descritas em algum tipo de fórmula.

Mitos e estereótipos sobre o autismo:

Um dos mitos mais comuns sobre o autismo é que todas as pessoas com TEA têm habilidades especiais, como uma memória excepcional ou habilidades matemáticas avançadas. Na verdade, essas habilidades são raras em pessoas com TEA.

Outro mito é que as pessoas com TEA são emocionalmente frias ou não se importam com as outras pessoas. Isso não é verdade - muitas pessoas com TEA têm emoções intensas e profundas, mas podem ter dificuldade em expressá-las ou compreender as emoções dos outros.

Causas

As causas do autismo ainda são pouco conhecidas, porém a comunidade científica centralizou seus estudos em fatores genéticos. Foi analisada a presença de mutações no desenvolvimento fetal, ou por meio de herança genética, passada dos pais para o filho. 

Estudos recentes demonstram que fatores genéticos são mais predominantes que os ambientais, estimando que cerca de 97% e 99% eram causas genéticas e somente de 1% a 3% dos casos envolviam fatores ambientais.

Além disso, estudos revelam que o diagnóstico de autismo é predominante no sexo masculino. A explicação seria a presença do cromossomo X, que está diretamente ligado ao desenvolvimento da criança.

Sabe-se que esse cromossomo possui mais de 200 genes relacionados à inteligência, ao transtorno do espectro autista, e, caso haja alguma alteração no cromossomo X, o menino apresentará o transtorno, enquanto a menina tem mais chances de ser apenas a portadora, podendo transmitir para seus filhos.

Prevalência e Estatísticas

  • De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, o TEA afeta cerca de 1 em cada 54 crianças nos EUA.
  • A prevalência do TEA tem aumentado significativamente nas últimas décadas, mas isso pode ser devido a uma combinação de fatores, incluindo uma melhor detecção e diagnóstico.
  • A prevalência do TEA varia de acordo com o sexo, com meninos sendo diagnosticados com TEA cerca de quatro vezes mais frequentemente do que meninas.

Níveis de suporte no TEA

É muito comum ouvirmos pessoas classificarem autistas como leves, severos e moderados. Muitas vezes, essa rotulação vem carregada com o capacitismo de que pessoas com o grau severo são extremamente dependentes e possuem o cognitivo muito comprometido. No entanto, níveis de suporte estão relacionados ao quanto de ajuda aquele indivíduo precisa e não necessariamente às questões cognitivas.

Na prática, o autismo é classificado em três níveis:

Nível 1: menor necessidade de apoio no dia a dia.

Nível 2: mais conhecido como autista moderado. O indivíduo, nesse nível, necessita de um pouco mais de suporte no dia a dia.

Nível 3: conhecido como autismo severo. O autista precisa de um suporte maior para a realização das atividades do cotidiano.

Um autista com superdotação poderia estar no nível 1? Depende. Suponhamos que esse indivíduo consiga realizar todas as suas atividades cognitivas, mas que tenha estereotipias muito severas ao ponto de comprometer a realização de suas tarefas. Assim sendo, ele poderia facilmente estar no nível 2 ou 3. Portanto, questões cognitivas não são o único parâmetro para classificação de níveis.

Sintomas do autismo

O TEA se manifesta desde a infância, e embora o seu diagnóstico só possa ser fechado entre os 3 a 5 anos, algumas características se apresentam desde o primeiro ano de vida. 

Vale lembrar que, em caso de suspeita, é importante consultar um neuropediatra ou pediatra para confirmar o diagnóstico e iniciar o tratamento apropriado para um melhor desenvolvimento. 

Os principais sinais e sintomas são:

Pessoas com TEA possuem pouca interação social, apresentando dificuldades em manter contato visual, com poucas expressões faciais e dificuldade de expressar suas ideias e emoções.

Em consequência disso, o autista ainda possui dificuldade em iniciar e manter em um diálogo, além de não compreender muito bem figuras de linguagem ou analisar as coisas sob um outro ponto de vista. Essas dificuldades às vezes são mal compreendidas por algumas pessoas que não entendem algumas características da pessoa autista. Dessa forma, acabam taxando-as como mal educadas, rudes ou até mesmo maldosas, por suas dificuldades em colocar filtros nos pensamentos. 

Nas crianças autistas, algumas alterações comportamentais são muito presentes, como dificuldades em brincadeiras simbólicas - o famoso faz de conta, imitações, e assim por diante. Estas são brincadeiras que necessitam de um repertório composto por habilidades sociais, nas quais o autista possui certa dificuldade.

Pessoas com TEA costumam apresentar comportamentos estereotipados, que podem ser repetições físicas ou verbais. Alguns exemplos são ficar se balançando, mover os dedos de forma repetitiva e bater palmas. Já as verbais incluem a repetição de alguma frase, palavra ou sílaba por um longo período. Essa repetição, para quem não compreende o espectro, pode parecer estranha, mas para as pessoas com TEA tem um potencial de regulação emocional bastante poderoso.  

Algumas alterações comportamentais, como não saber lidar com a quebra de rotina, são muito comuns. Autistas valorizam a previsibilidade e podem se desregularizar facilmente com uma mudança, seja de ambiente, pessoas ou tarefas, por isso muitos possuem pistas visuais que guiam  o próximo passo do dia. 

Por se tratar de um espectro, os sintomas acima podem não se encaixar em todos os casos, mas eles não são todos necessários para o diagnóstico de autismo. Quando presentes, eles podem comprometer os relacionamentos das pessoas, bem como dificultar seu desenvolvimento e autonomia.

Ademais, é possível  que esses sinais se manifestem de maneira muito sutil, e com a intervenção adequada acabem passando despercebidos sem afetar a vida do indivíduo.

Tratamentos para o autismo

Os sinais de autismo começam ainda na infância. Ficar atento e buscar ajuda profissional o quanto antes, mesmo que somente seja uma suspeita, é de extrema importância para a melhor qualidade de vida da pessoa com TEA.

Atualmente, o tratamento psicológico com mais evidência científica e eficácia é a intervenção comportamental, sendo muito utilizada a ABA (sigla em inglês para Applied Behavior Analysis — em português, análise aplicada do comportamento).

A terapia ABA trata-se de uma metodologia intensiva e individualizada focada no desenvolvimento de habilidades sociais. A criação desse método é de exclusividade do analista do comportamento, mas a sua aplicação pode ser feita por qualquer pessoa que possua especialização em análise do comportamento aplicada e o título de terapeuta aplicador ABA.

Terapias ocupacionais também podem ser benéficas para pessoas com TEA, ajudando-as a desenvolver habilidades práticas e sociais que podem ajudá-las a ter uma vida mais independente. Em alguns casos, medicamentos podem ser prescritos para tratar sintomas específicos do TEA, como ansiedade ou agressividade.

O tratamento para o transtorno do espectro autista deve ser personalizado e multidisciplinar, ou seja, o paciente poderá contar com diferentes profissionais da área da saúde, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, psicólogos, entre outros.

É importante salientar que mesmo com o tratamento o TEA não tem cura, portanto, uma vez diagnosticada com autismo, a pessoa seguirá autista durante o resto da vida. O que irá diferenciar um indivíduo do outro são seus níveis de suporte.

Quanto mais cedo começar o tratamento, mais provável é que essas crianças desenvolvam habilidades sociais que auxiliem na sua qualidade de vida, e possam até acompanhar o desenvolvimento de uma criança típica da mesma idade.

Dessa forma, mesmo que não haja cura,  a importância do diagnóstico precoce do transtorno do espectro do autismo (TEA) até os cinco anos de idade é decisiva na intervenção precoce.

A importância do apoio da família, amigos e comunidade:

O apoio da família, amigos e comunidade é fundamental para ajudar as pessoas com TEA a prosperarem e terem sucesso em suas vidas. Isso pode incluir o fornecimento de suporte emocional, ajudar a encontrar recursos e tratamentos adequados, e ajudar a desenvolver habilidades sociais e de comunicação.

As famílias também podem precisar de apoio para lidar com os desafios e o estresse que vêm com o cuidado de uma pessoa com TEA.

Existem muitos recursos e organizações disponíveis para ajudar pessoas com TEA e suas famílias. Alguns exemplos incluem a Autism Society, Autism Speaks e a Associação Brasileira de Autismo (ABRA). Essas organizações podem fornecer informações, recursos, apoio emocional e conexões com outros indivíduos e famílias afetadas pelo TEA.

Artigo publicado em:
30/03/2023
foto romanni

Romanni Souza

Criador da Hipnose Transformacional, graduado em psicologia pelo Unipam, e pós graduado em neurociências pela PUCRS. Fundador do Instituto Romanni, com mais de 20 mil pessoas transformadas.

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