Nós estamos vivendo um ganho de consciência importante a respeito da saúde mental. Falar sobre depressão e ansiedade é cada vez mais comum, e um número crescente de pessoas está aprendendo a lidar com quem porta transtornos de aprendizagem, Alzheimer e outras doenças que afetam a nossa relação psicológica com o mundo.
A Síndrome de Burnout também está recebendo mais atenção, e o momento não poderia ser mais importante, pois a tendência é que os fatores ligados a ela continuem crescendo e façam do Burnout um candidato forte ao próximo grande transtorno de saúde mental!
A Síndrome de Burnout é um transtorno específico, quase sempre ligado à nossa relação com os estudos e o trabalho.
Na maioria dos casos, a pessoa está vivenciando um momento bem sucedido em sua vida, perto de concluir a universidade ou após uma promoção na carreira, por exemplo, e de repente as coisas começam a desandar. Falta energia para lidar com as demandas, e quanto mais a nossa mente se preocupa com o que pode estar perdendo, mais o nosso corpo parece vazio, sem forças para avançar.
Esse é o relato mais comum para que vive a Síndrome de Burnout, palavra do inglês que significa algo como “queimar até o fim”. Ela descreve muito bem a sensação experimentada por quem vive essa síndrome: a de que falta energia, pois todo o seu combustível já foi queimado.
Quem nunca vivenciou o Burnout pode fazer um experimento para entendê-lo melhor. Pense num dia em que você precisava atender um prazo importante, e virou a noite trabalhando para conseguir.
Nas últimas horas, o seu corpo e a sua mente não querem mais saber daquilo, mas continuam indo adiante, afinal é preciso concluir. Foque nesta sensação - a de que não aguento mais, mas preciso continuar.
É normal passar por isso de vez em quando, mas no caso do Burnout essa mesma sensação pode estar presente no começo do dia, quando - na teoria - a pessoa está bem descansada.
Ela simplesmente olha para o trabalho à sua frente e não aguenta mais fazer, mas precisa continuar, dia após dia, durante meses ou anos - até finalmente “quebrar” durante uma crise.
Nas crises de Burnout é normal passar dias ou semanas em isolamento, tentando ignorar qualquer informação que te faça lembrar dos compromissos deixados para trás.
Nesses momentos, algumas pessoas vão entender que é preciso mudar, e assumem um novo estilo de vida. Outras apenas se recuperam e voltam para o mesmo ritmo, e será questão de tempo até haver outra crise.
Esse é o mito mais comum em relação à Síndrome de Burnout - o de que a pessoa está insatisfeita com o trabalho e poderia resolver o problema ao mudar de carreira.
Embora essa mudança possa ajudar em alguns casos, ela não é a solução. Caso a pessoa vá para um novo emprego ou profissão, mas continue mantendo os hábitos negativos - que veremos em seguida - o Burnout vai atrás dela.
Burnout não é insatisfação, inclusive ele costuma surgir em pessoas que tem amor pelo trabalho e valorizam muito a sua profissão. Professores, policiais e profissionais da saúde estão entre os mais atingidos por essa Síndrome. Perceba que estas são carreiras onde um número imenso de pessoas trabalham por amor!
O problema é que até quando está “descansando”, ela pode estar pensando no trabalho, ou se culpando pelas várias tarefas que “deveria” fazer durante esse tempo.
Nos primeiros momentos da Síndrome de Burnout é comum ter o trabalho como um escape, algo que permita acalmar ou silenciar as emoções.
Você discute com a sua esposa, e vai trabalhar para “esfriar a cabeça”. Percebe que está mal por não se cuidar nos últimos dias, e vai trabalhar para não pensar nisso. Quer fugir de um compromisso com outras pessoas, e começa a trabalhar para ter uma desculpa.
Estudantes também podem passar por isso, e a dinâmica é a mesma: os estudos se tornam uma fonte de escape e satisfação pessoal, até consumirem o tempo e a energia da pessoa.
Se você tem se comportado dessa forma, preste muita atenção, pois é o cenário ideal para a Síndrome de Burnout se instalar.
Reflita por um instante: o trabalho é um elemento construtivo da sua vida, e dá espaço para outras áreas como saúde e relacionamentos, ou ele está sendo usado como uma muleta emocional?
Se o trabalho é a sua única fonte de valor pessoal, e todo o resto parece uma interrupção, é hora de se cuidar! A boa notícia é que o Burnout não acontece do dia para a noite. Ele é um processo - que pode ser identificado e controlado para não chegar ao fim.
Um sintoma de que as coisas estão indo por um mau caminho é a irritação constante em situações que não costumavam incomodar.
Tudo que pareça um “obstáculo” à sua concentração no trabalho - colegas pedindo ajuda, sua família querendo mais tempo, ou um imprevisto normal do cotidiano, vira motivo para reagir de forma agressiva.
A irritação vai se tornar ainda maior se alguém apontar que “você está trabalhando demais”. Essa frase soa como um ataque à sua personalidade, afinal a outra pessoa está criticando sua fonte de valor individual.
O ciclo se aprofunda: quanto mais problemas em outras áreas da vida, maior o foco no trabalho, e vice-versa, até a situação ficar insustentável.
O excesso de trabalho, preocupação com o trabalho e culpa por não estar trabalhando pode criar problemas como dor de cabeça, ansiedade, insônia, coração disparado e respiração ofegante.
Seu corpo começa a pedir um descanso, e você sente que é melhor faltar ao trabalho. Como acha que está cometendo um grande erro, pode criar desculpas e até se esconder. Algumas pessoas chegam a desligar a internet do celular para fingir que não podiam responder mensagens dos colegas!
Essas pausas não ajudam muito, pois com elas vem a culpa e a cobrança interna, que aprofundam o esgotamento emocional. É o famoso “estar cansado de não fazer nada”.
Para evitar essa sensação, a pessoa começa a buscar outros escapes que possam silenciar seus novos pensamentos: bebidas, festas, jogos, maratonar séries, e assim por diante.
Perceba como ela está repetindo a mesma atitude tomada lá no começo, de se afundar em algo para não lidar com seus problemas.
Aqui a situação realmente começa a fugir do controle, pois esses novos hábitos destroem completamente o que restava da nossa rotina, saúde e relacionamentos. Se antes o trabalho era a única fonte de orgulho próprio, agora não existe nenhuma.
Quando alguém chega neste ponto, é questão de (pouco) tempo até vivenciar uma crise de Burnout e passar dias sem levantar da cama.
Externamente, as fases mais avançadas da Síndrome de Burnout lembram muito os sintomas da depressão, que também podem levar ao isolamento, uso de comportamentos abusivos como escape e à falta de energia.
Além disso, tanto o Burnout pode conduzir à Depressão, como a Depressão pode favorecer o Burnout. Essa é uma relação delicada, e pode ser difícil identificar qual dos problemas é a raiz do ouro.
Na visão da Hipnose Transformacional, no entanto, é importante afirmar que essa busca não é nosso maior objetivo.
Se um cliente chegar até você demonstrando sinais de Depressão e Burnout - até mesmo se trouxer esses diagnósticos após ter passado por psiquiatras ou psicólogos - você não precisa descobrir “quem veio primeiro''.
O mais importante é identificar os fatores que estão gerando estes sintomas - pensamentos, ambiente, relacionamentos - e buscar formas de criar um novo resultado, usando técnicas de ressignificação e clareza para que a pessoa seja capaz de criar um novo estilo de vida!
Caso alguma etapa no processo que acabamos de ver tenha feito você pensar “essa é a minha vida”, eu tenho certeza de que sua única pergunta agora é: como evitar que o Burnout aconteça?
Em primeiro lugar, nós vimos que o esgotamento não surge do nada; ele é criado por um conjunto muito específico de ações. Sendo assim, ele também pode ser evitado com um conjunto de ações diferentes.
Comece avaliando a sua rotina de trabalho diária. Você cumpre as suas tarefas e ainda sobra tempo, ou está sempre indo dormir com a sensação de não ter feito nem metade do que precisava?
Se atolar em tarefas demais torna você alguém ocupado, e não necessariamente produtivo. Esse hábito cria um ciclo de frustração e estagnação.
Você termina o dia preocupado com o que faltou;
Acorda na manhã seguinte tentando resolver as tarefas de ontem e de hoje, carregando o peso da insônia que a preocupação causou;
Faz ainda menos tarefas e termina o dia com ainda mais acúmulo.
Quando você determina uma carga de trabalho de acordo com a sua realidade, e termina o dia sentindo-se vencedor, aumenta as chances de se sair ainda melhor no dia seguinte e criar um ciclo positivo.
Em primeiro lugar, é importante saber quando é o momento de trabalhar e quanto não é. Se você passa o dia inteiro alternando entre tarefas e distrações, a sua mente nunca descansa.
Mesmo quando você está assistindo um vídeo, ou navegando pelo Instagram, o “modo de trabalho” não se desliga por completo e continua a queimar combustível.
Além disso, os momentos reservados para o trabalho não devem ser ocupados inteiramente, pois imprevistos sempre vão ocorrer.
Lutar contra eles é uma perda de tempo e energia - não importa o que você faça da vida, nem quanto se planeje, terá de apagar alguns incêndios ao longo do dia.
Aceitar isso, e reservar algumas horas, permite enfrentar essa realidade com a cabeça fria, de forma que os imprevistos não destruam a sua rotina, mas possam se encaixar nela. Quando for planejar - e executar - o seu dia, siga esse lema: Quem corre cansa, quem caminha alcança.
Na maioria dos casos, a mudança de rotina e o processo terapêutico para lidar com suas emoções resolvem ou impedem a Síndrome de Burnout. Medicamentos podem ser usados quando alguém está desenvolvendo doenças por conta desse estresse acumulado, mas eles não costumam ser a primeira opção para o Burnout em si.
Escolha uma atividade calma, como ler, caminhar ou escutar profundamente uma pessoa amada, e pratique 5 ou 10 minutos por dia. Lembre que ela não deve ser mais uma obrigação, então foque em algo prazeroso, uma prática que faça você se sentir bem consigo mesmo!
Faça uma mudança de rotina com tranquilidade - ou oriente seus clientes nessa direção, se você atua como terapeuta. Siga o lema: quem corre cansa, quem caminha alcança.
“As pessoas superestimam o que podem fazer em um ano, mas subestimam o que podem fazer em uma década” - Tony Robbins.
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