Subir a montanha é uma metáfora conhecida para descrever a busca por algum objetivo, e nós vamos usá-la para construir a sua primeira sessão, em oito passos que ajudarão você a:
Você pode manter essa metáfora para si mesmo, como uma forma de relembrar o método, ou pode até usá-la com os clientes, desenhando a montanha e os itens que representam cada etapa do percurso.
Assim como um guia experiente precisa entender as habilidades, necessidades e expectativas de seus viajantes antes de iniciar uma jornada pela montanha, um terapeuta também deve se esforçar para conhecer profundamente seu cliente antes de embarcar na jornada terapêutica. Essa é a base sólida para uma sessão inicial eficaz e para todo o processo terapêutico que seguirá.
Conhecer bem o cliente não envolve apenas coletar informações superficiais - nome, idade, profissão - mas também mergulhar nas nuances de sua personalidade, experiências e emoções. Aqui estão algumas estratégias-chave para um terapeuta entender o viajante que está embarcando nessa jornada:
Estabelecer objetivos claros é uma etapa fundamental na jornada terapêutica, e é papel do terapeuta ajudar o cliente a definir qual montanha eles desejam subir. Incentive o cliente a refletir sobre áreas de sua vida que deseja melhorar. Perguntas como "O que você gostaria de mudar?" ou "Quais são os desafios que você enfrenta?" podem iniciar essa exploração.
Os objetivos devem ser específicos e mensuráveis. Em vez de "ser mais feliz", um objetivo específico poderia ser "encontrar maneiras de lidar melhor com o estresse e parar de gritar com meus filhos". Colabore com o cliente para refinar e ajustar os objetivos conforme necessário. O objetivo é uma declaração viva que pode evoluir à medida que o cliente progride na terapia.
Assim como uma montanha apresenta desafios aos alpinistas, a jornada terapêutica também é repleta de obstáculos e barreiras a serem superados. Ao compreender e abordar esses desafios, os terapeutas podem oferecer um apoio eficaz e diferenciado para seus clientes.
A maioria dos clientes chega à terapia com um histórico de tentativas anteriores para superar seus desafios. Eles podem ter experimentado diferentes abordagens, estratégias e soluções, muitas vezes sem sucesso. O peso dessas "falhas" pode afetar a autoestima do cliente e até mesmo minar sua motivação para buscar ajuda novamente.
Ao explorar as tentativas anteriores do cliente, o terapeuta ganha insights valiosos sobre as barreiras que impediram o progresso. Isso inclui identificar padrões de comportamento, crenças limitantes e fatores externos que contribuíram para as dificuldades enfrentadas.
Com base nas informações sobre as tentativas prévias e as barreiras enfrentadas, o terapeuta pode colaborar com o cliente para criar um plano de ação sólido. Esse plano não apenas aborda os desafios identificados, mas também inclui estratégias para superá-los e alcançar os objetivos estabelecidos.
Com base nas informações sobre as tentativas prévias e as barreiras enfrentadas, o terapeuta pode colaborar com o cliente para criar um plano de ação sólido. Esse plano não apenas aborda os desafios identificados, mas também inclui estratégias para superá-los e alcançar os objetivos estabelecidos.
Os problemas que os clientes trazem para a terapia têm raízes, que podem ser exploradas para uma compreensão mais profunda e resolução eficaz.
Ao ajudar o cliente a entender quando e como os desafios começaram a se manifestar, o terapeuta pode obter uma compreensão melhor da sua história. Identificar o ponto de partida muitas vezes revela gatilhos específicos, eventos de vida ou mudanças que desencadearam os desafios atuais.
Muitas vezes, os clientes terão suas próprias teorias sobre a origem das questões. Eles podem associar a eventos traumáticos, experiências passadas ou influências externas. Ajudar o cliente a explorar essas possíveis origens é uma oportunidade para o autoconhecimento mais profundo.
Explorar as origens dos desafios permite que o terapeuta e o cliente construam uma narrativa coesa que conecta passado e presente. Essa narrativa não apenas oferece clareza sobre a evolução dos problemas, mas também cria um alicerce para definir a história que o cliente vai escrever a partir de agora.
Embora a pedra no caminho possa parecer imponente, o bom montanhista nunca está desamparado. Há uma mochila cheia de recursos essenciais à sua disposição, para ajudar a quebrar essa pedra e continuar avançando em direção aos seus objetivos. Na terapia, essa mochila representa os recursos que o cliente traz consigo, capazes de transformar desafios em oportunidades.
Dentro de cada pessoa, há uma reserva inexplorada de recursos emocionais que podem ser usados para superar obstáculos. A força de vontade, a determinação, a alegria e até mesmo o desejo ardente pela conquista são recursos poderosos que podem ajudá-lo a enfrentar dificuldades.
Assim como os alpinistas encontram motivação nas histórias de outros escaladores, você também pode buscar inspiração em sua própria vida. Pessoas que você admira, amores, frases, músicas, livros e filmes podem servir como bússolas emocionais, guiando-o em direção à superação.
Além das emoções e inspirações, a mochila também precisa estar cheia de ferramentas práticas. Os momentos de tempo livre, a disposição para investir, a rede de amizades e até mesmo a saúde física são ferramentas valiosas. Pense também nas opções diretamente relacionadas ao seu objetivo - uma esteira para correr, livros para estudar, um espaço tranquilo para trabalhar.
Uma maneira eficaz de traçar essa visão é desenhando o que seria o seu dia perfeito após a conquista. Ajude o cliente a pensar nos detalhes - como se sente ao acordar? Quais atividades preenchem seu dia? Como interage com as pessoas ao seu redor? Descrever cada momento com riqueza de detalhes é importante, mergulhando na sensação de realização.
Ele também pode imaginar as emoções que vai experimentar quando atingir o topo da montanha. A alegria, o orgulho, a sensação de superação - deixe essas emoções fluírem livremente. Ao visualizar essas emoções, ele está fortalecendo a motivação intrínseca para alcançar seus objetivos.
Considere como a conquista da montanha irá impactar diversos aspectos da sua vida. Quem ficará feliz ao vê-lo alcançar esse objetivo? Como essa conquista se relaciona com seus valores e aspirações mais profundas? Pense em como essa vitória irá repercutir em várias áreas da sua vida.
Agora que ele visualizou o topo da montanha e definiu sua visão para o futuro, é hora de traduzir essa visão em ações tangíveis que o levarão cada vez mais perto da realização dos seus objetivos. É aqui onde o verdadeiro trabalho começa, pois o cliente começará a trilhar o caminho para conquistar a montanha que definiu para si mesmo.
Nesse estágio, o terapeuta desempenha um papel de orientação, auxiliando-o a transformar seus desejos e sonhos em ações práticas. Embora você possa oferecer sugestões e insights, no entanto, é fundamental que as ações escolhidas pelo cliente estejam alinhadas com os seus critérios de felicidade e sucesso.
Ele é o protagonista da jornada, e suas escolhas sempre devem refletir o que é mais significativo para a própria vida.
Uma abordagem eficaz para transformar sua visão em realidade é trabalhar com pequenas mudanças em níveis de curto prazo: o que pode ser feito hoje, amanhã e na próxima semana, por exemplo. Essas ações iniciais podem não conquistar a montanha por si só, mas representam seus primeiros passos sólidos em direção à transformação desejada.
Vamos supor que o objetivo do cliente seja fortalecer sua relação com sua esposa. Aqui estão exemplos de ações que ele poderia considerar:
Hoje: Escrever uma mensagem sincera para expressar seu amor e apreço por ela.
Amanhã: Preparar um café da manhã especial para surpreendê-la e começar o dia de maneira positiva.
Próxima Semana: Planejar um jantar romântico ou outra atividade que eles gostem, para ter um tempo de qualidade juntos.
Chegamos ao ponto crucial da jornada: a definição clara e nítida do que exatamente representa o topo da montanha. Neste momento, o cliente será levado a pintar uma imagem vívida e detalhada do momento em que terá conquistado seus objetivos. É como se ele estivesse sobre a montanha, olhando para o horizonte, visualizando sua vitória e o que ela significou.
Aqui, a clareza é fundamental. Em vez de pensar em termos abstratos, como "ganhar mais dinheiro" ou "melhorar meus relacionamentos", ele vai detalhar o que exatamente procura. Ele pode, por exemplo, definir um valor específico, como "alcançar uma renda adicional de R$1.000 por mês".
Não se trata apenas das metas tangíveis, mas também de como se sentirá ao conquistar a montanha; imaginar a mistura de emoções, alegria e satisfação que experimentará. Imagine a confiança que terá ao ver que venceu, e a tranquilidade de saber que está mais longe dos desafios de hoje.
Agora você pode fazer um exercício rápido, pedindo para que o cliente feche os olhos e respire fundo por três vezes, puxando e soltando o ar cada vez mais devagar.
Usando as informações que ele te deu, trace o caminho de onde ele está agora até o topo da montanha, enfrentando os desafios e usando os recursos que ele acabou de listar para dar os primeiros passos.
Faça o cliente visualizar a chegada no topo da montanha, as recompensas que estarão esperando por ele e a vida que ele terá a partir desse momento. A visualização faz o cliente aumentar a confiança de que é possível atingir o objetivo desejado e serve como primeiro passo na sua transformação interior, que será aprofundada ao longo do processo terapêutico.
Lembre-se que a comunicação constrói a realidade. Você está oferecendo uma nova comunicação, para criar uma nova realidade. De certa forma, estará criando uma nova versão do cliente, comprometida a deixar o peso do passado para trás e fazer o que for preciso para chegar ao topo da montanha.